Redação (19/01/2009)- O Rio Grande do Sul confirmou as perdas por seca nas lavouras de milho, que chegam a quase 1 milhão de t, enquanto produtores no Paraná estimaram nesta sexta-feira uma quebra nas safras de soja e milho que totaliza mais de 5 milhões de t, maior do que os números até o momento divulgados.
A estiagem nos dois Estados do Sul, que começou em novembro prolongando-se até meados de dezembro, atingiu várias áreas em momentos em que as lavouras precisavam de umidade. Chegou a chover após esse período, mas as precipitações não foram regulares, ampliando os prejuízos, disseram fontes do setor.
Paraná e Rio Grande do Sul costumam responder juntos por mais de 30% da safra de soja do Brasil e por aproximadamente 35% da colheita de milho do País, segundo números do Ministério da Agricultura.
"As perdas são maiores do que as apresentadas até agora pelo Departamento de Economia Rural (Deral) do governo do Paraná e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)", disse o engenheiro agrônomo e assessor técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), Robson Mafioletti.
Segundo a Ocepar, com atuação na maior parte da área produtora do Estado, a safra da oleaginosa deve cair em mais de 20% em relação à expectativa inicial e a do milho, em mais de 35%.
Os números seriam apresentados na tarde desta sexta-feira, em Curitiba (PR), pelos dirigentes da Ocepar ao ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. Os produtores querem obter da autoridade, cuja carreira está ligada ao Paraná, alguma ajuda extra.
Considerando as previsões do Deral, que basearam a avaliação da Ocepar, o Paraná já teria perdido 3,2 milhões de t de milho e colheria uma primeira safra de 5,5 milhões de t, ante 9,7 milhões de t na temporada passada.
Maior produtor de milho do Brasil e segundo em soja, o Estado estaria com perdas para a oleaginosa bem superiores aos 2 milhões de t já registrados pelo Deral, com a produção ficando abaixo de 10 milhões de t, número inferior aos 12 milhões de t no ano passado.
"No oeste do Estado, as perdas (na soja) passaram de 35% a 40%. Os produtores dessa região plantaram variedades precoces e a seca pegou em cheio. No norte, muitos produtores não conseguiram plantar devido à seca. A soja plantada mais tarde, quando veio uma chuvinha, ainda pode se recuperar", disse Mafioletti.
Em algumas propriedades, especialmente na região de Palotina (oeste do PR), a perda na produtividade da soja chega a 60% ante a previsão inicial.
Segundo o agrônomo da Ocepar, o milho, plantado mais cedo, sofreu mais perdas porque a estiagem atingiu boa parte das lavouras em estágio reprodutivo.
Safra Gaúcha
A Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-RS), que presta assistência técnica para o governo do Rio Grande do Sul, anunciou que a safra de milho do Estado já registra uma perda de quase 17% ante a estimativa inicial, e agora na melhor das hipóteses os gaúchos só colherão 4,5 milhões de t, ante 5,2 milhões de t na temporada passada.
"Há municípios com mais pedidos para acionar o seguro agrícola. Acho que essa quebra vai evoluir mais se não tivermos um bom regime de chuvas", disse nesta sexta-feira Cláudio Doro, agrônomo da Emater, lembrando que nos últimos 75 dias o Rio Grande do Sul acumula um déficit hídrico de 150 mm.
Segundo ele, a seca pegou a safra de soja do Rio Grande do Sul em estágios iniciais, e muitos produtores plantaram mais tarde devido à estiagem, o que causou atraso na semeadura no Estado. Assim, perdas ainda não são detectadas para as lavouras gaúchas da oleaginosa, apesar do desenvolvimento aquém do normal das plantas.
Com a seca, a área plantada de soja está sendo reavaliada, segundo a Emater.
Outros Estados produtores, como o Mato Grosso, estão tendo um clima satisfatório em 08/09.