Redação (12/02/2008)- O deputado federal Valdir Colatto (PMDB/SC), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, disse que o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Inácio Kroetz, se comprometeu a “brigar” para habilitar novas plantas produtoras de carne suína em Santa Catarina. “O secretário manifestou todo o seu apoio ao setor da suinocultura catarinense, que está enfrentando uma grave crise, com queda no preço para o produtor e excesso de oferta”, frisou Colatto. Durante encontro na quarta-feira (11/02), Colatto e o deputado Moacir Micheletto (PMDB/PR), coordenador político da FPA, entregaram a Kroetz a carta em que a Cooperativa Aurora demonstra interesse pelo sistema de exportação via troca de carne suína por mercadorias do agronegócio.
No dia 15 de março, autoridades brasileiras viajarão para a Rússia para negociar a retomada do mercado de carne suína para aquele país. Na bagagem, Kroetz levará a carta, assinada pelo presidente Mario Lanznaster, e uma pasta com informações e vídeos sobre o trabalho da cooperativa, uma das maiores agroindústrias do país.
Na semana passada, representantes das cooperativas apresentaram um diagnóstico dos problemas do setor ao ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, e pediram soluções para o escoamento de 50 mil toneladas de carne suína que estão estocadas. O ministério proporá a troca por trigo da Rússia.
Este interesse, enfatiza Colatto, poderá se estender para outros países que queiram produtos brasileiros e que, em contrapartida, tenham outros a oferecer. “O sistema produtivo está refém do sistema financeiro. Com esta ação será possível manter negociações e o mercado do agronegócio sem endividamentos e sem a burocracia e taxas exorbitantes que tanto castigam a classe produtiva”.
De acordo com o deputado, a iniciativa da Aurora poderá estimular outras cooperativas a buscar o mercado europeu para o escoamento de carne suína. “Estamos confiantes no início de um grande programa brasileiro de exportação via troca de mercadorias, e que abrangerá outros segmentos do agronegócio. As cooperativas que tiverem interesse neste tipo de acordo devem se manifestar”, alertou Colatto acrescenta que a iniciativa que começou pela Coopercentral Aurora é a demonstração de que o país pode viabilizar uma estrutura de troca em que o governo federal permita que exportações sejam feitas nessa modalidade.
O deputado recorda que esta não será a primeira vez que um setor busca saída trocando produtos com outros países. Este tipo de operação já existiu em 1982 no âmbito do governo federal. “Precisamos urgente retirar 50 mil toneladas de carne suína de Santa Catarina e isso poderá ser feito via troca por produtos como o trigo, fertilizantes, entre outros”, realça Colatto.
Além da proposta que será feita pelo trigo, o secretário Inácio Kroetz sugeriu uma negociação para a comercialização da carne suína em troca de fertilizantes produzidos na Rússia, que entrariam pelo porto de São Francisco. Ele aposta na mobilização das cooperativas catarinenses para enfrentar as dificuldades que o setor enfrenta. “A abertura de outras cooperativas a esta modalidade de negócio poderá alavancar o mercado de trocas”, finalizou.
O Brasil importa 70% dos fertilizantes que utiliza. Dos 11 milhões de toneladas de trigo consumido no país, são importados cerca de 6 milhões de toneladas.