Redação (13/02/2009)- Uma missão do governo brasileiro terá, nesta segunda-feira (16/02), reuniões com autoridades da Rússia para reclamar formalmente contra a decisão de Moscou de retirar fatias de mercado de carnes suínas e de aves do País no processo de distribuição das cotas para este ano. A missão composta pelos secretários de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Célio Porto, e o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Ivan Ramalho, e representantes do Itamaraty, tentará reverter as perdas em conversas com os vice-ministros do Desenvolvimento Econômico e da Agricultura.
Em caso de dificuldades nas conversas, a missão deve acionar o presidente Lula, que enviaria uma carta ao primeiro-ministro Vladimir Putin para reiterar as queixas pelo descumprimento de um recente acordo feito no âmbito da comissão intergovernamental de comércio por melhores condições de acesso da carne brasileira. O objetivo é voltar às cotas anteriores, recuperando 50 mil toneladas para a carne suína, e reduzir os impostos sobre vendas "extra-cota" nas carnes de aves.
Pelo acordo assinado durante uma visita de Lula a Moscou, o Brasil apoiaria a entrada da Rússia na Organização Mundial do Comércio (OMC) em troca do compromisso dos russos em pelo menos manter a compra de carnes brasileiras.
O Ministério russo de Desenvolvimento Econômico aumentou a cota de importação de carne suína, com tarifa menor, de 493 mil para 531 mil toneladas. Na mudança, os EUA ganham e o Brasil perde. A fatia americana saiu de 40,3 mil toneladas para 100 mil. Já o Brasil vendia e dominava a cota para "outros países". Essa fatia era de 197 mil em 2008 e cai para 177 mil em 2010.
Para os exportadores de frango, o cenário piorou. A cota geral russa foi reduzida de 1,2 milhão de toneladas este ano para 952 mil toneladas em 2009. Para o Brasil, a cota "outros" desmorona de 71 mil toneladas para apenas 12.400. Ao mesmo tempo, o governo russo aumentou as tarifas de importação fora da cota. Para o frango, a alíquota passa de 60% para 95%, e de não menos de 480 por tonelada para ? 800 por tonelada. No caso da importação de carne suína, a taxa sobe de 60% para 75%, mas não menos de 1.500 por tonelada, comparado a 1.000 euros este ano.