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Exportações de carnes podem cair em 2009

Os setores(bovino, suíno e frango) exportaram juntos US$ 13,8 bilhões de um total de US$ 197,94 bilhões exportados por todo o País.

Redação (25/02/2009)- A expectativa de que o Brasil registre perdas em sua balança comercial devido a limitações em suas vendas externas terá também a contribuição do setor de proteína animal. As três principais carnes exportadas pelo País (bovina, suína e de aves) terão queda na receita em 2009, de acordo com estimativas dos próprios representantes das empresas exportadoras.
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior mostram que os três segmentos juntos foram responsáveis, sozinhos, por 7% de tudo aquilo que o Brasil exportou em 2008. Os setores exportaram juntos US$ 13,8 bilhões de um total de US$ 197,94 bilhões exportados por todo o País.
Responsável pela maior fatia das vendas externas das proteínas de origem animal, o segmento avícola embarcou no ano passado US$ 7 bilhões e foi o quarto maior exportador individual do Brasil, com uma participação de 3,6% do total. Para 2009, a expectativa é de um encolhimento na receita. A Associação Brasileira dos Exportadores de Frangos (Abef) trabalha com uma queda de 30%, o que traria o faturamento do ano para um valor pouco acima de US$ 5 bilhões. Para tentar compensar essa queda, as indústrias apostam num aumento do volume exportado de 5% neste ano sobre as 3,6 milhões de toneladas vendidas em 2008.

Para o diretor-executivo da Abef, Christian Lohbauer, o desempenho esperado para 2009 interromperá a trajetória de um crescimento médio de 10% ao ano no volume embarcado, que ocorria desde 1976. "Vamos aumentar em apenas 5% o volume de vendas neste ano. Acreditávamos que a queda nas exportações no final do ano passado era apenas uma questão financeira, de falta de crédito. Mas, passado o primeiro mês do ano, sentimos que existe uma queda na demanda pela carne de frango", disse Lohbauer, ao considerar que ainda não é possível saber qual o tamanho dessa redução de demanda.
Seguindo as leis de mercado, a queda na demanda representa uma oferta maior de frango no mercado e, consequentemente, uma pressão sobre os preços que já está sendo percebida. No mês passado, o preço médio da carne de frango exportada pelo Brasil foi de US$ 1.385 por tonelada. Esse valor representa uma retração de 11,8% em comparação a janeiro de 2008 e é 13,4% menor do que o preço médio da tonelada embarcada em dezembro do ano passado. "A carne de frango é produzida em muitos países e acreditamos que, além da queda nos preços, perceberemos um aumento do protecionismo dos mercados locais", afirma Lohbauer.
Na mesma linha, a carne bovina também terá sua parcela de contribuição para a queda nas exportações. O setor exportou no ano passado US$ 5,3 bilhões, entre cortes in natura, produtos industrializados e miúdos, e foi o quinto maior contribuinte para o desempenho das exportações brasileiras, com uma fatia de 2,7% sobre o total. Para 2009, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) projeta uma redução pouco acima de 5% na receita com as vendas externas, o que daria ao setor um faturamento de US$ 5 bilhões neste ano. "Os exportadores de carne bovina sempre trabalharam muito alavancados e a base de venda é feita em ACC (Adiantamento de Contrato de Câmbio)", afirma Otávio Cançado, diretor-executivo da Abiec.
Sem fazer uma projeção de qual será o volume exportado, Cançado aposta em crescimento, como forma de compensar, em parte, as perdas que acontecerão na receita. Em 2008, o setor exportou 1,4 milhão de toneladas de carne bovina a um preço médio de US$ 3.848 por tonelada. Assim como na carne de frango, o segmento bovino terá sua queda na arrecadação com a desvalorização do produto no mercado internacional. No mês passado, o preço médio da carne bovina brasileira foi de US$ 2.977 por tonelada, valor 25% menor do que o registrado no mesmo período de 2008 e retração de 16,2% ante o desempenho de dezembro do ano passado.
Apesar do cenário negativo para a carne bovina, os exportadores se mostram otimistas com uma possível recuperação a partir do segundo trimestre do ano, mas com um desempenho maior e mais perceptível a partir do segundo semestre de 2009. "Os países importadores reduziram as compras até agora para poder queimar os estoques que possuíam. Já sentimos um aumento nas vendas de janeiro sobre dezembro para a Rússia, por exemplo", afirma Cançado. Ele lembra ainda que com o dólar valorizado, o produto brasileiro fica mais competitivo no mercado internacional e mesmo uma queda na receita na moeda americana não significará perda de renda em reais.
A carne suína, que possui a menor participação entre todas as proteínas animais, é a que pode sofrer os maiores impactos. Com a meta de manter em 2009 o mesmo volume exportado em 2008, as empresas já contam com uma queda na receita diante da desvalorização do produto no mercado internacional. "Acreditamos que os volumes serão mantidos, mas não será possível manter nosso faturamento diante da queda dos preços", afirma Pedro de Camargo Neto, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Carne Suína (Abipecs), sem fazer uma projeção da retração.
No ano passado, o segmento obteve uma receita de US$ 1,4 bilhão, o que representou um crescimento de 20% sobre as vendas de 2007. Em volume, foram embarcadas 530 mil toneladas, o que já foi uma queda de 12,7% sobre o ano anterior. Em janeiro, o preço médio da carne suína foi de US$ 2.106 por tonelada, valor que representa uma retração de 13% em comparação a janeiro de 2008 e uma queda de 12,7% em relação a dezembro do ano passado.