Na próxima sexta-feira (11/12), uma missão comercial formada por empresários brasileiros, políticos e representantes industriais acompanhará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na visita ao Peru. Durante o encontro com o presidente peruano, Alan García será retomada a discussão sobre a necessidade de reconstruir os instrumentos de integração continental, como o Pacto Andino e o Mercosul. Além disso, o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) Paulo Skaf quer fortalecer a presença de companhias brasileiras em terras peruanas, dos setores de siderurgia, cimentos e fertilizantes.
A reunião entre os presidentes, com os ministros da Agricultura, Relações Exteriores, Indústria e Comércio e Justiça do Brasil e do Peru deverá estabelecer novas regras para elevar o comércio entre os dois países, que hoje é inferior ao que os peruanos negociam com a Argentina e com o Chile.
No ano passado, o comércio entre Brasil e Peru totalizou US$ 3,2 bilhões e este ano está em US$ 1.4 bilhão (até outubro). De acordo com o Mdic, as oportunidades de negócios para as empresas brasileiras nos três países estão nos setores de máquinas e equipamentos, materiais elétricos e eletroeletrônicos, alimentos e bebidas, casa e construção, energia, defesa e infraestrutura.
Acre
Antes do encontro, uma comitiva acreana viabilizou a integração entre o Brasil e o Peru, por meio do Acre com as três regiões peruanas de Huánuco, Ancash e Ucayali.
Na noite de terça-feira a Federação das Associações Comerciais do Estado do Acre (Federacre) e a Câmara de Comércio, Indústria e Turismo Huarez, assinaram um acordo de cooperação para fortalecer as relações comerciais, que define quais produtos podem ser exportados e importados e qual a melhor forma de proceder esta movimentação.
“Os comerciantes associados terão mais acesso às informações necessárias para a importação e exportação de produtos, desembaraço alfandegário, tarifas de transportes, juros, bancos, créditos, esta é a grande vantagem. Estas regiões do Peru são grandes produtoras agrícolas e podem levar seus produtos ao Acre com preços bem mais competitivos para a população, principalmente da região do Juruá”, explicou George Pinheiro, da Federacre. A possibilidade de importação por parte do Brasil é de insumos para a construção civil, como cimento, seixo e brita. O seixo utilizado na construção da BR-364 vem de Letícia, na Colômbia, mas poderia vir de Pucallpa, com custo bem mais baixo. “Esta semana foi selado um compromisso entre os dois governos para viabilizar essa compra. Só em um trecho da estrada serão utilizadas 80 mil toneladas de seixo, que pode ser adquirido com preço mais competitivo no Peru”, enfatiza o presidente da Assembleia Legislativa do Acre, Edvaldo Magalhães.
Rondônia
Equipes de segurança e precursora, comandada pelo tenente Ranilson Brainer, além do diretor de Comunicação Social Marco Antonio Santi, já estão em Lima, no Peru, para deixar tudo pronto para a chegada do governador Ivo Cassol acompanhado do presidente da Fiero, Denis Baú, representante dos empresários de Rondônia interessados em fechar negócios com os peruanos.
O governador fará uma explanação dos gargalos que emperram o comércio bilateral, e que obrigatoriamente passará por Rondônia, mostrando os problemas e as soluções que precisam ser urgentemente adotadas, para quando a Carretera Transoceânica (a Rodovia do Pacífico) estiver pronta, em 2010, a burocracia não continue emperrando o comércio entre os dois países, e aproveitará para entregar a “Carta de Rondônia”, aos mandatários e ministros, onde estarão expostos os problemas e soluções do ponto de vista dos estados.
“É preciso que os dois países cheguem a um consenso sobre as alíquotas a serem cobradas, bem como padronizar a fiscalização sanitária, que são diferentes e os critérios de entrada e saída de mercadorias nas fronteiras dos dois países. Só assim poderemos tirar proveito da nossa proximidade, do porto da capital estruturado e em posição estratégica e o interesse dos peruanos nos nossos produtos, a exemplo da nossa carne bovina e couro, além de comprar o que eles têm a preços bem mais competitivos e nós não produzimos aqui: batata, frango, calcário, frutas e cimento, entre outros”, declarou Cassol.
“As empresas brasileiras podem ampliar de forma significativa seus investimentos no Peru, que ficará ainda mais próximo do corredor interoceânico”, disse Skaf, em alusão à estrada que ambos os chefes de Estado pretendem inaugurar no ano que vem.