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Saúde Animal

"Vaca louca" sob controle

<p>Comissária da União Europeia diz que a doença está controlada no continente. França nega casos confirmados pela OIE.</p>

Decididamente, a União Europeia ignora a persistência da doença da “vaca louca” em seu território. A comissária de agricultura da UE, Marian Fischer Boel, precisou de um certo tempo para se lembrar que a Europa continua registrando casos da enfermidade, ao chegar ontem na conferência ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC). O ministro de Agricultura da França, Bruno Le Maire, também disse que seu país não tem mais a doença, quando as cifras apontam oito casos este ano.

Indagada sobre a persistência da enfermidade no velho continente, a comissária Fischer Boel retrucou rápido: “Não, não, acabou, não tem mais”. Mas confrontada com as cifras reveladas pelo Valor, cuja fonte foi a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), apontando 62 casos apenas este ano, Fischer Boel começou a recobrar a memória.

Lembrada de que o caso mais recente de doença da “vaca louca” ocorreu em seu próprio país, a Dinamarca, no dia 19 de novembro, ela admitiu: “É verdade, mas foi uma vaca muito velha, de uns 12 anos”, argumentou.

Mas, a seu ver, a enfermidade que matou dezenas de pessoas alguns anos atrás no velho continente “está totalmente sob controle”. A Comissão Europeia tem programa de mais de € 60 milhões para tentar debelar de vez a enfermidade em vários países.

Nem todos os países acreditam que a doença está sob controle. O vice-ministro de agricultura da China, Niu Dun, deixou claro que a carne brasileira tem acesso ao mercado chinês, mas não a carne proveniente da Europa e dos EUA justamente por causa da doença da “vaca louca”.

Já o ministro francês Bruno Le Maire foi incisivo: “Não temos mais doença da vaca louca”. Questionado sobre oito casos mencionados pela OIE, ele insistiu que a doença não existe mais em território francês. “Gastamos € 1 bilhão por ano no passado para erradicar essa doença”, disse.

Para Fischer Boel, quem usa o argumento da enfermidade para bloquear a entrada do produto europeu pratica protecionismo.

Lembrada de que esse argumento também é usado contra exportadores que têm suas vendas freadas na Europa, por supostos problemas sanitários, a comissária retrucou que no caso do Brasil, o que Bruxelas pediu foi para o país implementar um forte sistema de rastreabilidade da carne que exporta.

“Era para evitar se burlar no controle na fronteira, queremos saber de onde vem a carne”, disse em referência à suposta passagem pelas fronteiras brasileiras de gado sem rastreabilidade, e que teria entrado no contingente de exportação para a Europa. “O sistema de rastreabilidade não é estrito, tanto que mais e mais fazendas brasileiras estão recebendo autorização para exportar”, disse a comissária.