As exportações argentinas fechariam este ano com um decréscimo de 20% em relação a 2008, segundo estimou ontem um informativo do Instituto de Estudos da Realidade Argentina e Latino-americana (Ieral), da Fundação Mediterrânea.
“O ano de 2009 poderá terminar com uma queda das exportações totais de 20% no ano, na média entre 2007 e 2008”, disse. O estudo avaliou que as exportações de manufaturas de origem industrial (MOI), e em particular as exportações de veículos, mostram “plenamente” o impacto da crise internacional. Da mesma forma, também mostraram “certa recuperação nos últimos meses”.
Também disse que as exportações de veículos em 2009 caíram 19%, mas “sinalizam fechar o ano com saldo positivo”.
Efeito da seca
“Alguma coisa diferente ocorre com as exportações de manufaturas de origem agropecuária (MOA), influenciadas por condições climáticas adversas e também por excessivos ajustes e pressão tributária por parte do governo”, disse.
Neste sentido, afirmou que as exportações MOA também registraram em 9 meses uma queda de 11,5% em relação a 2008.
“No entanto, os dados mensais não são semelhantes devido a irregularidades que acabaram postergando as decisões de exportar produtos provenientes do campo”,completou.
Assim, explicou que em agosto e setembro de 2008 “foram atípicos” já que se conduziram exportações postergadas pelo conflito entre o governo e o campo, nos meses anteriores.
Por outro lado, o estudo mostrou que no ano de 2009 o campo se viu “afetado pela magra colheita 2008/2009 de 58 milhões de toneladas, pelo fator climático e também pelas intervenções públicas”.
O Ieral estimou que “assim como que durante o ano o valor das exportações industriais mês a mês ficou entre os níveis de 2007 e 2008, provavelmente os últimos meses do ano mostrem um comportamento similar, com exportações a um valor maior ou igual ao de 2007”.
Superávit recorde
Cabe recordar que, mesmo com a queda das exportações, a Argentina fechará o ano com um importante superávit comercial, produto da forte queda das importações.
Segundo informou na sexta-feira passada o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec), o balanço lançou um resultado positivo de 1.182 milhões de dólares, 16% a mais que em outubro do ano passado.
Nos primeiros 10 meses do ano passado, o intercâmbio comercial foi de superávit em 14.439 milhões de dólares, quase 30% a mais que o mesmo período de 2008.
A menor demanda pela recessão durante grande parte do ano e das políticas do governo para administrar a entrada de produtos do exterior acabaram contribuindo para conseguir estes números no meio da crise.