Depois de um trimestre de queda expressiva no lucro líquido, de redução nas margens e de aumento na alavancagem – reflexo do impacto da crise global em mercados consumidores – , a JBS S/A acredita em resultados melhores no quarto trimestre deste ano.
“Já vemos globalmente uma recuperação da economia. A recuperação é mais forte no Brasil, também sentimos recuperação nos EUA e na Ásia. Demora mais a sentir na Europa”, afirmou Joesley Batista, presidente da JBS S.A.
Uma melhoria nos negócios na Argentina, que também pressionou os resultados no trimestre, é outra aposta da JBS. A operação naquele país passou por uma reestruturação, com troca de presidente – saiu Nelson Dalcanale e assumiu Sebastian Reynoso, que era diretor-comercial. Também houve demissões na Argentina – hoje a operação tem 4.500 funcionários, 2% a menos que há um ano. Como impacto da reestruturação, houve gastos de 63 milhões de pesos referentes a despesas com indenizações e à reavaliação de estoques.
Segundo Batista, as dificuldades na Argentina foram resultado das restrições do governo local às exportações de carne e ao atraso na liberação da cota Hilton, de cortes para a Europa. A JBS tem direito a 3 mil toneladas da cota argentina.
Ele afirmou que, desde 2008, a operação argentina vem registrando resultados “ruins”. “Estamos confiantes de que não vamos ter resultados negativos lá”, disse Batista, durante reunião com analistas em São Paulo. “O Reynoso (novo presidente) vai dar um jeito naquilo”, brincou mais tarde.
O presidente da JBS também espera uma redução dos níveis de alavancagem (relação entre dívida líquida e o lajida), que alcançaram 3,3 vezes no trimestre passado ante 2,6 vezes no trimestre anterior.
A redução da alavancagem será possível, disse, mesmo com a incorporação da Bertin e a compra da Pilgrim’s Pride, operações anunciadas em setembro passado. “A JBS tem dívidas de US$ 2 bilhões, a Bertin, US$ 2 bilhões e a Pilgrim’s, US$ 2,5 bilhões. Como vamos captar US$ 4,5 bilhões, [a dívida] ficará em US$ 2 bilhões. E as operações também vão trazer EBTIDA da Bertin e da Pilgrim’s”, observou.
A JBS espera captar US$ 4,5 bilhões em duas operações no mercado até janeiro de 2010. Com a abertura de capital da JBS USA nos EUA, prevê obter US$ 2 bilhões. O recurso será investido na ampliação dos sistemas de distribuição da empresa. Também prepara uma capitalização privada, com a qual espera conseguir US$ 2,5 bilhões. O objetivo é pagar as operações com Bertin e Pilgrim’s.
Batista admitiu que “BNDES, fundos e investidores de grande porte” mostraram interesse em participar da operação privada. Em relação ao IPO nos EUA, disse que não está nos planos da empresa “migrar” para o mercado americano, isto é, fechar o capital da JBS aqui. Segundo ele, a expectativa é iniciar 2010 com as operações da Bertin “totalmente fundidas” com a JBS após a aprovação do órgão regulador europeu. No caso da Pilgrim’s, falta a aprovação do juiz da recuperação judicial da empresa.
Em relação a uma possível aquisição do Independência – que está em recuperação judicial -, o presidente da JBS disse que a dívida da empresa ainda é muito grande.
Ele também se queixou que até hoje a JBS não conseguiu operar duas unidades que arrendou do Quatro Marcos – em São José do Quatro Marcos e Colíder – por falta de licença ambiental.