A entrada de investimentos estrangeiros para aplicações no mercado financeiro caiu 75% depois que entrou em vigor a nova taxação sobre os investimentos de estrangeiros em ações e títulos de renda fixa. Mas essa queda não impediu que o País terminasse o mês de outubro recebendo o maior volume de recursos externos desde junho de 2007 e o segundo maior desde 1982, quando teve início a série.
Dados do Banco Central mostram que US$ 14,6 bilhões ingressaram a mais do que saíram do País no mês passado. Liderada pela oferta de ações do Banco Santander, essa enxurrada de recursos foi destinada quase integralmente ao chamado segmento financeiro, que reúne aplicações em ações, títulos e investimentos estrangeiros diretos (IED). Essa conta recebeu US$ 13,10 bilhões, recorde histórico da série. Outros US$ 1,49 bilhão vieram por meio das operações de câmbio ligadas ao comércio exterior.
A entrada de investimentos financeiros despencou depois da taxação de 2% do Imposto sobre Operações Financeiras, que entrou em vigor no dia 20. Nos últimos dez dias de outubro, a média diária de transferências para o Brasil ficou em US$ 231 milhões, praticamente um quarto do observado nos 19 primeiros dias do mês, quando a cifra era de US$ 919 milhões.
Apesar da queda expressiva, a entrada de dólares observada após o IOF ainda foi 5,9% maior que em setembro e 199% superior à média de agosto. E o fluxo de dólares continuou positivo. Ontem, o dólar caiu 0,97% e fechou a R$ 1,726.
Para muitos analistas, a entrada de dólares deve continuar, ainda que em volumes menores que no mês passado. “A oferta do Santander inflou os números de outubro, mas isso não tira a avaliação generalizada de que o Brasil é a bola da vez. Temos fundamentos, credibilidade, mercado interno, além da perspectiva de investimentos para a Copa do Mundo e Olimpíada”, diz o gerente de câmbio da Souza Barros Corretora, Luiz Antônio Abdo.
“Houve um susto inicial no primeiro momento, mas o mercado parece já ter “precificado” esse novo imposto nos preços dos ativos e a perspectiva é que o fluxo cambial continue favorável para o Brasil”, diz Abdo.
O volume de US$ 14,59 bilhões que ingressou na economia em outubro representou 64% de tudo o que ingressou no País nos dez primeiros meses do ano (US$ 22,85 bilhões). O valor acumulado neste ano, até agora, é 82% maior do que o verificado no período janeiro-outubro de 2008.
Pelos dados do Banco Central, os investidores estrangeiros transferiram para o País uma média de US$ 327 mil a cada minuto de outubro. Foram cerca de US$ 19,6 milhões por hora ou US$ 470,9 milhões a cada dia.
Essa velocidade de entrada foi maior do que o ritmo de saída de recursos registrada no pior momento da crise no ano passado. Em novembro de 2008, quando estrangeiros sacaram US$ 7,15 bilhões do Brasil para cobrir prejuízos nos países de origem, a velocidade dos saques era de US$ 165 mil por minuto.