O Brasil é destaque na maior feira mundial de alimentos e bebidas – ANUGA que teve início neste final de semana em Colônia, Alemanha. Com 120 empresas levadas pela Apex-Brasil e outras 20 em estandes individuais, o País mostra a diversidade de sua produção de alimentos, com diversos setores representados. Uma entrevista coletiva de imprensa liderada pelo presidente d a Apex-Brasil, Alessandro Teixeira, para jornalistas alemães e de outros oito paises, reuniu os representantes de sete setores do agronegócio brasileiro.
“Temos aqui representada mais de 70% da agroindústria brasileira, em um dos eventos mais importantes do setor”, disse Alessandro Teixeira ao abrir a coletiva. “O Brasil é a locomotiva da produção mundial de alimentos e será, em breve, um dos líderes da economia mundial. Um dos elementos que fazem o Brasil diferente de outros países e a sua capacidade de produção de alimentos e uma agroindústria forte e diversificada, que está presente aqui na feira Anuga”, concluiu.
Participaram do encontro com a imprensa o presidente da Associação Brasileira de Exportadores de Carne Bovina (ABIEC), Roberto Giannetti da Fonseca; da Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Frango (ABEF), Francisco Turra; o presidente da Associação Brasileira de Exportadores de Carne Suina (ABIPECS), Pedro de Camargo Neto; o vice-presidente da Associação da Industria de Biscoitos (ANIB), José dos Santos dos Reis; o diretor do Instituto Brasileiro de Vinhos (IBRAVIN), Carlos Paviani; o diretor do Instituto Brasileiro de Frutas (IBRAF), Rogério de Marchi; e o presidente da Associação Brasileira de Exportadores de Citrus, Christian Lobhauer.
Nos 2,2 mil m² de espaço ocupado pelo Brasil na feira em Colônia, estão produtos como cafés especiais, vinhos finos, frutas secas e sucos tropicais, temperos e especiarias, lácteos, cachaça, doces, chocolates, balas e biscoitos, castanhas, mel, erva-mate, além de cortes especiais de carne. O Brasil já se consolidou na posição de grande exportador de produtos básicos, sendo hoje o maior exportador mundial de café, carne bovina e de aves, sucos, açúcar e etanol de cana-de-açúcar, mas tem ainda um grande potencial para ampliar a exportação de produtos industrializados, com maior valor agregado e alto padrão de qualidade.
“A população mundial deve crescer consideravelmente durante os próximos anos, em uma taxa média de 0,93% ao ano, entre 2010 e 2030, com uma conseqüente maior demanda por todo tipo de alimentos. E o Brasil está preparado para fazer frente ao papel de celeiro do mundo”, afirma Alessandro Teixeira. Estudo feito pela Consultoria Ernst Young do Brasil e pela Fundação Getúlio Vargas prevê que as exportações agroindustriais brasileiras crescerão a uma taxa anual média de 1,3% ao ano até 2030, sendo 1% ao ano no caso de alimentos beneficiados e 2% ao ano no caso de matérias primas. Esses percentuais são superiores às médias anuais de crescimento das importações mundiais de alimentos (0,9%) e de matérias-primas agrícolas (1,2%), o que acarretará a continuidade do aumento de participação de mercado do Brasil.
Ainda de acordo com esse estudo, a taxa de crescimento das exportações da agroindústria brasileira foi de 10,2% na média anual de 1995 a 2005. Essa foi a maior taxa de expansão dentre os principais players do mercado, mais do que o dobro da média mundial, de 4,4%. O Brasil também é o País em que foram observados os maiores ganhos de produtividade no setor agropecuário entre 1960 e 2005, segundo a Ernst Young/FGV. Nesse período, a produtividade elevou-se a uma taxa de mais de 2% ao ano, marca superior à verificada em países como China (1,8%), Índia e Argentina (1,5%), Estados Unidos e Canadá (0,8%).
Ásia passa a principal mercado do Brasil
Dados do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil mostram que as exportações do agronegócio brasileiro totalizaram US$ 66,9 bilhões entre setembro de 2008 e agosto de 2009. O superávit comercial do setor, acumulado nesses 12 meses, atingiu US$ 56,5 bilhões. No período de janeiro a agosto de 2009, as exportações de produtos do agronegócio brasileiro somaram US$ 43,6 bilhões, apresentando crescimento para a Ásia (16,7%), o Oriente Médio (15,3%), e a África (5,2%).
Em 2009, a Ásia substituiu a União Européia como principal destino das exportações do agronegócio do Brasil, passando de uma participação de 24,9% no período de janeiro a agosto de 2008 para 32,3% no mesmo período de 2009. Com uma redução de 19,7% nas exportações para a União Européia, o bloco teve sua participação no destino das exportações reduzida de 33,2% para 29,6%. Na análise por país, verificou-se aumento das vendas para a Índia (368,2%), Emirados Árabes Unidos (45,4%), Coréia do Sul (35,5%), Irã (31,7%), Arábia Saudita (16%), China (15,2%), e Bélgica (2,0%).
“Ainda há a predominância de demanda por produtos Premium para Europa e América do Norte, enquanto os produtos brasileiros mais básicos têm mais espaço em países da Ásia, Oriente Médio e África”, analisa Teixeira, “e os produtores e fabricantes brasileiros estão sintonizados com as tendências de consumo mundial, que representam uma oportunidade singular para a penetração e consolidação em novos e também em tradicionais mercados”.
A diversidade de mercados de exportação para os produtos brasileiros é um dos fatores responsáveis pela retomada do crescimento da economia do País e da América Latina, segundo o Fundo Monetário Internacional. “Brazil will lead the way, in part because of its large domestic market and its diversified export products and markets, especially its increasing links to Asia”, diz o Economic Outlook do FMI, divulgado na reunião anual em Istambul, no fim de setembro.
Na Anuga, produtos ao gosto do consumidor europeu
As empresas brasileiras chegaram a Anuga orientadas por um extenso Estudo de Inteligência Comercial, elaborado pela Apex-Brasil, que apontou as principais oportunidades para os produtos do Brasil em diversos países, analisando, entre outros dados, as tendências de mercado e preferências dos consumidores. O estudo destacou, por exemplo, o crescente interesse por produtos de maior valor agregado, produzidos com base no fair trade, que proponham diferentes experiências sensoriais, premium ou mais sofisticados, que utilizem produtos naturais, exóticos, sustentáveis ou orgânicos, com características funcionais. Um exemplo são os chocolates meio-amargos, vistos como mais saudáveis por suas propriedades nutricionais. A demanda por balas e confeitos com menor teor de açúcar e sabores refrescantes seguem a mesma tendência, assim como os chicles que contêm substâncias que auxiliam no clareamento dos dentes.
O levantamento identificou também a busca por novos sabores de chá, café e sucos, bem como o aumento da demanda por vinhos provenientes de países produtores tidos como não tradicionais. Os produtos de pastelaria e biscoitos são consumidos em todas as suas formas: doces, salgados, com recheio, com cobertura ou seguindo a linha mais natural como os enriquecidos com vitaminas ou fibras. Uma forte tendência do mercado mundial de alimentos é a procura generalizada por produtos que traduzam maior saúde e bem-estar, como alimentos com menor teor de gordura, sal, calorias, açúcar ou colesterol, por exemplo. Nos mercados em desenvolvimento, as preocupações com a subnutrição, os níveis de obesidade e todos os problemas a elas relacionadas também contribuirão para um maior alerta sobre os hábitos alimentares diários.