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Safra 2009/10

Soja avança no Brasil

<p>Soja deve ampliar ainda mais o domínio sobre as principais lavouras do País, ocupando áreas atualmente dedicadas ao milho e ao algodão.</p>

A combinação de condições climáticas favoráveis, redução dos custos de produção e liquidez razoável deve levar à recuperação da produtividade média das lavouras e ao aumento da produção global da nova safra de grãos, fibras e cereais do País.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou ontem (07/10) a estimativa de uma colheita média de 140,34 milhões de toneladas no ciclo 2009/10, que começou a ser cultivada em setembro. A área plantada deve registrar um ligeiro recuo para 47,7 milhões de hectares, o que será compensado pela elevação da produtividade média de 3,7% no período.

Se confirmadas as previsões médias iniciais feitas pela Conab, a produção nacional ficaria 2,7% abaixo do recorde de 144,14 milhões de toneladas, obtido no ciclo 2007/08 – cerca de 3,8 milhões de toneladas a menos. Ainda assim, o desempenho da nova safra superaria em 5,2 milhões (3,8%) a colheita de 135,16 milhões de toneladas registrada no ciclo anterior (2008/09), período duramente castigado pela seca na região Sul do País e em parte de Mato Grosso do Sul.

“Nossa expectativa é que não tenhamos tantos problemas climáticos como no ano passado. Isso ajuda o Brasil a se aproximar do recorde de 144,1 milhões de toneladas”, disse o presidente da Conab, Wagner Rossi.

A soja deve ampliar ainda mais o domínio sobre as principais lavouras do País, ocupando áreas atualmente dedicadas ao milho e ao algodão. Incentivados pela melhor liquidez da soja, embora os preços estejam em queda nos mercados futuros, os produtores devem ampliar a área plantada em 3,5% – ou 737 mil hectares. A produção da oleaginosa deve alcançar o recorde histórico de até 63,27 milhões de toneladas. Isso deixa mais evidente que os preços futuros devem sofrer pressões ainda mais fortes na época da comercialização.

A Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja) pedirá hoje ao Ministério da Agricultura a destinação de R$ 1 bilhão para sustentação de preços da soja em 2010. A soma da desvalorização do dólar e as cotações da soja na bolsa de Chicago não cobririam os custos de produção. “Tínhamos um pré-cenário que vislumbrou a arrancada da safra com números melhores. Mas agora as coisas começam a mudar de direção”, disse o presidente da Aprosoja, Glauber Silveira. O custo médio de produção recuou de US$ 1 mil na safra anterior para US$ 850 atuais. O cenário de rentabilidade ideal seria, segundo Silveira, a soja a US$ 9 por bushel e o dólar a R$ 1,80. Em Mato Grosso, a área de soja deve aumentar até 6 milhões de hectares (3%) e registrar produção de até 18,2 milhões de toneladas. No Paraná, o Estado mais atingido pela seca neste ano, a área de soja deve avançar até 7% para 13 milhões de toneladas. A produtividade média deve aumentar 28%, prevê a Conab.

No caso do algodão, a área média deve recuara para 779,5 mil hectares (-7,5%). Mesmo com a produtividade nacional em alta de 6%, a forte redução da área e da produção em Mato Grosso deve provocar um recuo de até 5,4% na safra global brasileira.

Cultura mais prejudicada pelas intempéries desde o fim de 2008, o milho deve registrar uma redução de 7% na área plantada na safra de verão, atingindo 8,6 milhões de hectares. O aumento da produtividade, sobretudo no Paraná (33%), poderia elevar a produção nacional em até 1,2%, para 34,04 milhões de toneladas. Os altos estoques de milho pressionam os preços internacionais e a valorização do real frente ao dólar dificulta a exportação competitiva do grão pelos produtores brasileiros.

No arroz, a Conab estima ligeira redução média de 0,3% na área, para 2,9 milhões de hectares. Insatisfeitos com os preços baixos do cereal, os produtores devem reduzir a produção a até 4%, para 12,14 milhões de toneladas. Para o feijão, o governo projeta recuo médio de 2,3% na área cultivada nesta primeira safra, quando devem ser plantados 1,4 milhão de hectare. Mas a produção da leguminosa, beneficiada pela forte elevação de 9,4% da produtividade, deve atingir até 1,46 milhão de toneladas (8,5%).