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Agroindústria

O salto da JBS

<p>Empresa será a terceira em receita líquida no Brasil e a maior de proteínas no mundo, ultrapassando a Tyson. As duas transações são mais um capítulo da consolidação do setor de proteínas animais no Brasil.</p>

Numa só tacada, a JBS S.A anunciou ontem (16/07) a fusão com a Bertin S.A e a aquisição da Pilgrim’s Pride, uma das maiores empresas de frango dos Estados Unidos.

Com as duas operações, a JBS torna-se a terceira maior empresa brasileira não financeira de capital aberto em receita líquida, conforme cálculos do Valor Data baseados em números de 2008. O resultado é uma receita líquida de R$ 51,6 bilhões, atrás apenas de Petrobras, com R$ 215,1 bilhões, e da Vale, com R$ 70,5 bilhões. A empresa também ficará muito à frente da BRF – Brasil Foods, resultado da compra da Sadia pela Perdigão, cujo faturamento líquido alcança R$ 22 bilhões (dados de 2008).

Os negócios também fazem a JBS se tornar a maior empresa de proteínas do mundo, ultrapassando a americana Tyson Foods. A receita líquida da JBS, incluindo Bertin e Pilgrim’s, chega a US$ 28,725 bilhões, acima dos US$ 28,130 bilhões da Tyson, de acordo com cálculos da companhia brasileira baseados em resultados do ano passado.

A aquisição da Pilgrim’s Pride, que pediu proteção contra a falência em dezembro de 2008, significa nova diversificação da JBS, que estreia em aves. No Brasil e na Argentina, a empresa atua apenas em bovinos. Nos Estados Unidos e na Austrália, onde entrou por meio de aquisições, tem carne bovina e de suínos.

As duas transações são mais um capítulo da consolidação do setor de proteínas animais no Brasil, movimento que foi acelerado pela crise financeira internacional. Esta semana, a Marfrig, que chegou a negociar uma fusão com a Bertin, anunciou a compra da Seara, unidade de carnes da americana Cargill. Em maio deste ano, Perdigão e Sadia se juntaram para formar a Brasil Foods.

Na negociação com a Bertin, a JBS vai incorporar a empresa. Pelo acordo anunciado, os controladores do JBS irão transferir todas as suas ações para uma holding, batizada de “Nova Holding”, que reunirá ainda 73,1% do capital social da Bertin mediante aporte de seus atuais controladores. A estimativa é de que o peso da JBS na holding será de 60%, ficando a Bertin com 40%.

A JBS não divulgou os números para mostrar como chegou a tal participação na operação de troca de ações, mas analistas estimam que o valor da Bertin seja de pelo menos R$ 5,3 bilhões.

A fusão com a Bertin também marca a entrada da JBS em lácteos, já que a primeira comprou a Vigor em 2007. Assim, além de concorrentes em carnes e derivados, a JBS e a Brasil Foods vão competir também em leite, uma vez que a Perdigão já era dona da Batavo e da Eleva.

A aquisição da Pilgrim’s Pride será realizada por meio da JBS USA, subsidiária da JBS. A empresa vai comprar ações correspondentes a 64% do capital social total e votante da Pilgrim’s por US$ 800 milhões, em dinheiro. Os atuais acionistas da companhia americana ficarão com os 36% restantes. O acordo avalia a Pilgrim’s Pride em US$ 2,8 bilhões.

Após a fusão com a Bertin e a compra da Pilgrim’s, a JBS será líder em processamento de carne bovina no Brasil, na Austrália, na Argentina, na Itália e uma das maiores dos EUA, com capacidade de abate de 90,4 mil bovinos por dia. Será a terceira em suínos nos EUA, com capacidade de abate de 48,5 mil cabeças por dia, e uma das maiores em aves naquele país e globalmente, com capacidade de abate de 7,2 milhões frangos por dia.