O ministro da Fazenda, Guido Mantega, voltou a mencionar hoje (15/09) a intenção do governo de adotar medidas “para contrabalançar” os efeitos negativos da queda da taxa de câmbio, sobre o comércio exterior brasileiro. “Não pretendemos mudar o regime de câmbio flutuante, mas podemos reduzir os custos financeiros sobre a economia”, disse o ministro.
Na reunião do Conselhão sobre o balanço de um ano após a piora da crise financeiro global, com a quebra do banco americano Lehman Brothers em 15 de setembro de 2008, Mantega repetiu que o custo da crise seria equivalente a 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Por isso, o país só crescerá 1% neste ano.
O ministro admitiu que a forte valorização do real cria dificuldades para as exportações. “Temos o velho problema da valorização cambial causando perdas às exportações, mas existem razões estruturais para o câmbio se valorizar”, disse o ministro, citando o bom desempenho do país na crise, que gerou a atração de grandes fluxos de moeda estrangeira.
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, reclamou do efeito negativo do câmbio sobre a competitividade das exportações brasileiras, e voltou a cobrar a ação do governo. Também citou que há “acúmulo” de crédito tributário prejudicando os exportadores e disse ser “fundamental a desoneração definitiva” das operações de comércio exterior.
Mantega falou de “contrabalançar”, mas não listou que tipo de medidas podem ser adotadas para reduzir custos do setor produtivo. Ele voltou a afirmar que o Brasil precisa “aproveitar que outros países estão mais fracos com a crise”, e ganhar terreno e competitividade nas exportações.
A exploração do petróleo na área do pré-sal “poderá trazer alguns problemas cambiais”, afirmou Mantega, “É claro que teremos que ficar mais atentos para evitar que a doença da vaca holandesa, ou seja, que o país não se torne apenas um exportador de produtos básicos.”
Ao listar as várias ações anticrise adotadas pelo governo, que ajudaram a minimizar as dificuldades sobre a economia interna, Mantega disse que medidas como a aplicação de R$ 28 bilhões no programa habitacional “Minha Casa Minha Vida”, para baixa renda, “ainda não tiveram todos os seus efeitos sobre a economia”.