Passado o pior da crise, economistas de bancos e consultorias estão mais otimistas que o próprio governo em relação ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos pelo País) no segundo trimestre. Como mostra reportagem do Globo nesta quinta-feira, enquanto o ministro Guido Mantega aposta em alta de até 1,7% , as projeções do setor privado apontam para crescimento de até 2,1% na comparação com o trimestre anterior.
O dado oficial só será divulgado pelo IBGE em setembro, mas o mercado aposta que o Brasil deixou a recessão para trás entre abril e junho, quebrando a sequência de dois trimestres seguidos em queda, o que caracteriza uma economia tecnicamente recessiva. Alguns analistas já preveem, inclusive, que o País fechará este ano com ligeiro crescimento.
O que endossa a convicção é que o consumo apresenta sinais positivos. Em 12 meses, a renda do trabalhador sobe em torno de 4%. Além disso, as vendas do varejo continuam em expansão, com alta de 6,2% nos 12 meses encerrados em junho, segundo o IBGE. Já a produção industrial recua 6,5% na mesma comparação.
O economista da Rio Bravo Investimentos Fausto Vieira prevê um crescimento de até 2% no segundo trimestre e variação nula no acumulado do ano. Para ele, o crescimento zero em 2009 deve ser encarado com otimismo. Já para o economista-chefe da LCA Consultores, Braulio Borges, o PIB avançará 1,9% no segundo trimestre. Ele cita como fator positivo a retomada de contratações na indústria.
Especialistas ligados à indústria, porém, estão menos otimistas e avaliam que, ainda que o comércio, os serviços e a construção civil tenham se recuperado, a agonia do setor industrial deve ter se estendido até a virada do semestre.
O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, previu ontem uma expansão “surpreendente” e “invejável” da economia a partir do último trimestre. Segundo ele, o PIB deve crescer de 3,5% a 4% de outubro a dezembro, frente ao trimestre anterior. Para 2010 inteiro, ele projeta uma variação “mais para perto de 5%”. Para o presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setúbal, a economia “já voltou a um ritmo acelerado” e “o pior já passou”.