A Basf e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) anunciam hoje a assinatura com a Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola (Coodetec) do primeiro contrato de licenciamento de comercialização da nova tecnologia desenvolvida pela parceria: sementes de soja tolerantes aos herbicidas do grupo químico das imidazolinonas.
A nova variedade aguarda aprovação para comercialização da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), autoridade máxima sobre o assunto. A expectativa dos detentores da tecnologia é de que ela esteja liberada para comercialização já na safra 2011/12.
Com o contrato, a Coodetec receberá nos próximos dias a tecnologia para o chamado trabalho de transferência – a sua introdução nas variedades de soja produzidas pela cooperativa. Segundo Ivo Carraro, diretor-executivo da Coodetec, isso exigirá entre quatro e cinco anos. Só então as novas sementes tolerantes a herbicidas estarão prontas para a venda ao agricultor. “A nova variedade deverá representar pelo menos 20% da nossa produção total “, estima Carraro.
Para a Basf, o horizonte é um pouco mais alto: a expectativa da empresa é chegar a 30% do mercado nacional de sementes. “Isso no cenário de cinco anos, a partir do momento em que estiver no mercado”, diz Luiz Louzano, gerente de biotecnologia da empresa.
Hoje, a Coodetec produz quatro milhões de sacas de sementes por ano, 30% delas convencionais e 70% da marca Roundup Ready (RR), da Monsanto, a única variedade de soja geneticamente modificada aprovada para uso comercial no Brasil. Assim como a nova variedade da Basf e Embrapa, a RR também é tolerante a herbicidas, mas de um grupo diferente.
“Precisamos ver se a nova soja agradará o nosso agricultor. Mas não podemos ficar fora do mercado de transgênicos”, diz Carraro.
Antes da Coodetec, no entanto, a Embrapa deverá repassar a tecnologia para reprodução a outras empresas de semente, como de praxe. “Estamos mais adiantados porque desenvolvemos essa semente. A diferença é que não vendemos ao produtor final”, diz Felipe Teixeira, chefe da área de inovação tecnológica da Embrapa. Segundo ele, as sementes poderão “estar no chão” já em 2013/14.
Para a Basf, o licenciamento da comercialização para a Coodetec, que tem forte atuação no sul do País, será a primeira de uma série de parcerias, palavra que tem norteado os negócios da empresa de origem alemã. “A estratégia de parcerias tem dado certo. Inovar é um processo aberto e outras parcerias virão”, afirma Walter Dissinger, vice-presidente de Proteção de Cultivos para a América Latina.
Esta é a segunda parceria acertada em menos de um mês. No início de agosto, a Basf anunciou o trabalho conjunto de pesquisa e desenvolvimento com o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), referência nas pesquisas brasileiras com cana-de-açúcar. A empresa, assim, volta a direcionar seu foco para uma das mais visadas matérias-primas agrícolas do momento. A americana Monsanto e anglo-suíça Sygenta seguem a mesma linha.
Nessa frente, a Basf trabalha com o melhoramente genético da cana através de sua modificação genética, na tentativa de aumentar sua produtividade. Se tudo der certo, a empresa alemã pretende colocar no mercado variedades de cana-de-açúcar 25% mais produtivas no período de dez anos. Algo que, se atingido, “resultará num salto de produtividade sem precedentes na agricultura”, afirma a Basf.
Enquanto isso – A Monsanto, a maior produtora mundial de sementes, pretende cobrar até 42% mais por suas sementes transgênicas em 2010. A soja “Roundup Ready 2 Yield” vai custar aos sojicultores americanos uma média de US$ 182,72 por hectare e a soja original “Roundup Ready” em US$ 128,39 por hectare, informou a companhia à Bloomberg.