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Evento

8º CBA debate o futuro do agronegócio

<p>Novas propostas para a elaboração de uma nova política pública a ser deverá ser apresentada no próximo evento, em 2010.</p>

Terminou na tarde desta terça-feira (12/08) a 8ª edição do Congresso Brasileiro de Agribusiness, promovido pela Associação Brasileira de Agribusiness (Abag), concluindo as novas diretrizes para o 9º Congresso em 2010, em torno da necessidade de se criar políticas públicas. Nesta edição, a sustentabilidade e a crise mundial foram os temas que nortearam os debates, que aconteceram durante dois dias, no WTC em São Paulo (SP). Durante a cerimônia de abertura, Carlo Lovatelli, presidente da associação, iniciou o discurso explicando que a palavra crise, quando escrito em chinês, compõe-se de dois caracteres: um representa perigo e o outro representa oportunidade.              

Sobre a sustentabilidade, Lovatelli diz que é um processo contínuo, e não pode se basear apenas em ações pontuais e conhecidas.  “É preciso inovar e mudar velhos paradigmas. Sustentabilidade é diferente de responsabilidade social, mas a contém, assim como todas as práticas de manejo ambiental e governança corporativa. Sustentabilidade envolve diferentes práticas empresariais, mas sempre atreladas ao compromisso com o diálogo, a transparência e o processo de comunicação verdadeiro com os agentes envolvidos”.

Durante o primeiro painel “Lições da Crise e Visão do Brasil”, Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central, ressaltou que entre os anos de 2002 a 2007, o mundo viveu uma grande fase de euforia por conta do crescimento e gerou uma falsa ilusão de que era possível medir e evitar os riscos. Isso provocou uma euforia das famílias americanas que pararam de poupar, determinando a crise a que chegamos no ano passado. Durante a mesa redonda, na sequência, a senadora Katia Abreu disse que um novo modelo de financiamento de agronegócio deve surgir para que se evitem problemas como o que o País está atravessando. “Estamos tentando achar um modelo de Simples para o campo, o que os goianos chamam de ‘Pejotação’, ou seja, transformar o produtor em pessoa jurídica, para ter transparência e redução de carga tributária”. Armando Monteiro, presidente da CNI, destacou no mesmo painel os problemas de infraestrutura do país. “São dois desafios: o Estado não tem capacidade de investir. O outro grande desafio é estimular o investimento privado”, disse. Mas ele ressaltou que para a entrada da iniciativa privada falta marcos regulatórios que dêem segurança jurídica. Já Alexandre Figliolino, diretor do Banco Itaú BBA, finalizou o debate falando do financiamento do crédito rural, dizendo que cresce com um menor dinamismo e que o grande vilão é a alta taxa de juros. “É preciso crescer sustentavelmente, com empréstimos saudáveis”.

Já no segundo dia do evento, o Ex-Ministro da Fazenda Delfim Netto abriu o painel “Questões-Chave para o Agronegócio” e destacou os desafios que o Brasil tem para os próximos 20 anos: a questão demográfica (crescimento populacional), climática e o pré-sal. Para o Ex-Ministro, “o petróleo é uma riqueza que gera pobreza quando não usada com inteligência” e, por isso, precisa de uma política cuidadosa. Na sequência Ricardo Guimarães, presidente da Thymus Branding, falou sobre marca e imagem da empresa. Segundo ele, é preciso aprender a comunicar melhor. Denis Rosenfield, da UFRGS, falou sobre a insegurança jurídica e sobre a questão da formação da opinião pública. E o Ex-Ministro da Agricultura Roberto Rodrigues finalizou o painel afirmando que os principais obstáculos para o agronegócio são duas questões óbvias: produzir mais e mais barato, com sustentabilidade, e a perda de poder das organizações internacionais, citando o caso do contencioso do algodão, que o Brasil ganhou, mas que os Estados Unidos não reduziram os subsídios.

No painel da tarde – “Mercados e Soluções” – foi apresentado por Josué Gomes da Silva, Presidente da Coteminas, que apresentou o “case” China como modelo de desenvolvimento. Segundo ele, o país cria políticas públicas imediatas para ter resultados a eficazes a longo prazo. Mas ele enfatizou que o modelo chinês tem dois grandes problemas a serem transpostos: as legislações ambiental e trabalhista.

Na mesa redonda, Marcos Azambuja, Vice-presidente do Centro Brasileiro de Relações Internacionais, explicou a diferença entre bilateralismo e multilateralismo e que o Brasil deve fazer uso destas duas ferramentas para se promover e não ficar vulnerável internacionalmente às oscilações de mercado. Ele lembrou ainda que o Brasil deve evitar a internacionalização da Amazônia. Daniel Vargas, Ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, defendeu que o futuro do Brasil depende de um planejamento estratégico para o futuro da agricultura brasileira. “Precisamos criar um Plano Nacional de Agricultura (PNA), onde a agricultura familiar e o agronegócio sejam um só”. E o painel foi finalizado com Blairo Maggi, governador do Estado do Mato Grosso, falando sobre o desmatamento na Amazônia. “É possível dobrar ou triplicar a produção no Brasil sem mexer na Amazônia”, afirmou o governador.

O congresso foi encerrado com o discurso de Carlo Lovatelli. “Precisamos de regras estáveis e definitivas. É impossível trabalhar sem segurança jurídica e sem respeito ao direito adquirido. É necessário um grande acordo nacional para reformar a legislação ambiental brasileira, e deixá-la compatível à realidade e às necessidades de desenvolvimento, geração de emprego e renda no País”.