O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse ontem estar cada vez mais convicto da possibilidade de a economia brasileira atingir uma taxa real de crescimento de pelo menos 4,5% já em 2010, como pressupõem os números da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). A convicção decorre da avaliação de que todos os potenciais impactos da crise financeira mundial sobre o país já ocorreram e que, daqui para frente, portanto, não há perspectiva de nova piora.
“Quero dizer ´de cara´ que estamos muito otimistas. A previsão de que seríamos os primeiros a sair da crise é passado. Nós já saímos dela” , afirmou o ministro, durante o 7º congresso internacional promovido pelo Movimento Brasil Competitivo (MBC), do qual também participaram governadores e prefeitos. Bernardo reconheceu, por outro lado, que “ainda há muito a fazer para restaurar a capacidade de expansão da atividade econômica”. Preocupado com isso, ele revelou que o presidente Lula já pediu a sua equipe ministerial que faça uma “reavaliação setor a setor, para ver que está bem e quem ainda precisa de uma maior interlocução com o governo” , no sentido de superar obstáculos à retomada do crescimento.
Segundo Bernardo, os números do IBGE para o segundo trimestre de 2009 já deverão indicar crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) comparativamente aos primeiros três meses do ano.
Em resposta às preocupações com o aumento de gastos públicos federais num momento de queda real de receitas, Paulo Bernardo disse que o Brasil “sai da crise com pouca sequela sob o ponto de vista fiscal”. Para ele, o aumento da dívida líquida do setor público como proporção do PIB em 2009, após seis anos seguidos de redução, “é um preço pequeno para salvar nossa economia” .
No fim de 2008, consideradas as três esferas de poder, a dívida pública líquida equivalia a 38,8% do PIB. No fim de maio, essa mesma relação já tinha subido para 42,5%. Ainda que se reduza, o governo não espera que o percentual caia abaixo do verificado no fim de 2008 ainda em 2009. Já a partir de 2010, com a meta de superávit primário subindo para 3,3% do PIB (a de 2009 é de 2,5% do PIB), a perspectiva é de retomada da trajetória de queda da dívida como proporção do produto, disse o ministro.
Paulo Bernardo afirmou que a política fiscal anticíclica, adotada pelo governo brasileiro após o alastramento da crise financeira originada nos Estados Unidos, foi fundamental para que o Brasil fosse o último e o menos antingido entre os países que tiveram desaceleração de atividade econômica em função dessa conjuntura mundial adversa.
O empresário Jorge Guerdau Johanpeter, fundador e presidente do MBC, elogiou o aumento de investimentos públicos, mas considera isso insuficiente. Para ele, para que a economia consiga desenvolver todo seu potencial de crescimento, os investimentos públicos dos três níveis de governo , hoje na casa dos 3% do PIB, deveriam alcançar pelo menos 10% do PIB por ano, concentrando-se em infraestrutrura. Ele lembrou que o setor privado investe o equivalente a 17% do PIB total.