A redução de juros efetuada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central na última semana, quando a taxa Selic recuou de 9,25% para 8,75% ao ano, será a última alteração, pelo menos, até o fim de setembro de 2010, de acordo com o relatório de mercado divulgado nesta segunda-feira (27/07), também conhecido como Focus, fruto de pesquisa do BC com os analistas do mercado financeiro.
A expectativa do mercado é de que a taxa Selic feche 2009 justamente em 8,75% ao ano, atual patamar dos juros. A previsão dos analistas é de que ela permaneça neste nível pelo menos até o fim de setembro do ano que vem. Já no último trimestre de 2010, segundo a estimativa do mercado, a taxa deve avançar para 9,25% ao ano. Deste modo, os economistas preveem um aumento de 0,5 ponto percentual da taxa no fim do ano que vem.
Inflação – Na última semana, a expectativa de inflação para este ano, tendo por base o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que serve de referência para o sistema de metas de inflação, permaneceu em 4,53% e, para 2010, passou de 4,41% para 4,40%, informou o BC nesta segunda-feira.
No sistema metas de inflação que vigora no Brasil, pelo qual o BC tem de atingir metas pré-determinadas pelo governo, tendo como principal instrumento a taxa de juros. Quando julga que a inflação está em convergência com as metas, pode baixar os juros, mas quando vê pressões inflacionárias, opta por subí-los para conter a demanda por produtos e serviços.
Para 2009 e para 2010, a meta central de inflação é de 4,50%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo, de modo que pode ficar entre 2,50% e 6,50% sem que seja formalmente descumprida. A previsão do mercado financeiro para o IPCA para este ano, portanto, está um pouco acima da meta central de inflação.
Crescimento econômico – No caso do Produto Interno Bruto (PIB), a previsão dos economistas não se alterou na última semana. Deste modo, o mercado segue prevendo uma contração de 0,34% para a economia brasileira neste ano. Os economistas já chegaram a prever, há algumas semanas, uma retração de 0,71% para a economia em 2009.
Se confirmada a previsão do mercado, será a primeira retração desde 1992, quando o PIB recuou 0,54%, de acordo com a série histórica disponibilizada pela autoridade monetária. Para 2010, a expectativa do mercado para o crescimento do PIB caiu de 3,60% para 3,50%.
O Ministério da Fazenda mantém a meta de um crescimento de 1% para este ano. O Banco Central, por sua vez, projetou, no fim de junho, por meio do relatório de inflação, uma expansão de 0,8% para o PIB de 2009, enquanto a Confederação Nacional da Indústria (CNI) prevê uma contração de 0,4% para PIB deste ano.
Taxa de câmbio – Na semana passada, dado que foi divulgado nesta segunda-feira, a projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2009 permaneceu em R$ 1,95 por dólar. Para o fim de 2010, a previsão ficou estável em R$ 2 por dólar na última semana.
Balança comercial – No caso da balança comercial brasileira, a projeção do mercado financeiro para o saldo (exportações menos importações) de 2009 subiu de US$ 22,9 bilhões para US$ 23 bilhões na última semana.
Em 2008, a balança comercial teve superávit de US$ 24,7 bilhões, com forte queda de 38,2% frente ao ano de 2007, quando o resultado positivo somou US$ 40 bilhões. Para 2010, a previsão recuou de US$ 20 bilhões para US$ 19,7 bilhões de resultado positivo.
No caso dos investimentos estrangeiros diretos, a expectativa do mercado financeiro para o ingresso de 2009 permaneceu estável em US$ 25 bilhões na última semana. Para 2010, a projeção de entrada de investimentos no Brasil ficou estável em US$ 27 bilhões.