Na última sexta-feira (24/07), o Marfrig assinou um convênio de R$ 50 milhões com o Banco do Brasil, através do BB Convir. Segundo Marcos Antonio Molina dos Santos, presidente do Grupo Marfrig, o objetivo é dar condições aos produtores parceiros de investir em benfeitorias nas instalações atuais. Novos produtores podem ser inclusos. A Marfrig quer promover a construção de 744 aviários e modernizar os já existentes até 2011. “Diante do potencial existente de financiamentos, o valor do convênio poderá, no futuro, ser ampliado para até R$ 250 milhões, incluindo também as plantas de suínos e cordeiros”, disse Molina.
José Mayr Bonassi, diretor de Aves, Suínos e Industrializados do Grupo Marfrig, explicou que este financiamento faz parte do projeto da empresa de integração avícola. A integração é a base da avicultura brasileira, especialmente nas regiões Sul e Sudeste. Nessa modalidade de parceria, o produtor entra com as instalações (aviários) e mão de obra; e a empresa fornece os pintos de um dia, alimentação (ração) e assistência técnica, incluindo manejo sanitário.
Ao final de cada ciclo (cerca de 40 dias), o avicultor é remunerado de acordo com a produtividade apurada em sua granja. “O convênio tem o objetivo de facilitar e incentivar recursos para investimentos em aviários aos atuais parceiros integrados, bem como a novos interessados, ajudando a expandir e melhorar a qualidade da produção”, explicou Mayr.
Mayr conversou com Avicultura Industrial e deu mais detalhes do investimento da empresa. Acompanhe.
Avicultura Industrial- Onde serão aplicados os R$ 50 milhões do convênio com o Banco do Brasil?
Mayr Bonassi – Vamos investir em todos os Estados em que o Marfrig possui filiais. São eles SP, MG, PR, SC e RS. Vamos focar os investimentos no Estado de São Paulo, nas regiões de Amparo, Campinas e Sorocaba, devido à proximidade com o mercado consumidor e também por causa da logística. É muito fácil chegarmos aos portos por causa da infraestrutura que SP oferece.
AI- Qual a meta a ser atingida pela empresa por este convênio?
MB- Em menos de dois anos queremos construir mais de 700 aviários e fazer melhorias para estarmos cada vez mais adaptados às exigências do mercado internacional.
AI- Quantos avicultores devem ser beneficiados com o financiamento?
MB- Através do nosso projeto de integração, queremos melhorar a vida do produtor, fixando-o no campo. Com isso, esperamos beneficiar mais de 1.000 famílias ou propriedades rurais, atingindo ainda as cadeias de transportes, prestadores de serviços técnicos, insumos [produtos veterinários e nutricionais], entre outros elos da cadeia produtiva.
AI- Como o produtor pode ter acesso ao crédito?
MB- Todos os avicultores interessados, já integrados ou não, podem ter acesso a esta linha de financiamento. Antes da liberação, para efetivação de melhorias ou construção de novos aviários, serão avaliados por uma equipe técnica, que determinará a adequação de localidade e características gerais, incluindo legislação ambiental. A logística é um fator fundamental, não poderemos liberar a construção de um aviário numa cidade totalmente fora do raio das filiais da Marfrig. Após a aprovação técnica, o Banco do Brasil faz as aprovações financeiras de praxe.
AI- Apesar do cenário econômico mundial, a Marfrig aposta neste tipo de investimento. Por que?
MB- Apesar da crise, a vida continua, o mundo continua comendo. Estamos verificando aumento da renda em países emergentes, com o aumento de renda, o consumo de proteína aumenta. Aí que o frango entra, pois oferece uma proteína de grande qualidade. Até 2017, o frango deve ultrapassar a carne suína e deve se tornar a principal proteína do mundo.
AI- Quais as expectativas da Marfrig para crescimento na comercialização da carne de frango?
MB- Nós sabemos que qualquer investimento será concretizado aos poucos e o crescimento comercial será feito de acordo com a demanda de mercado. Queremos ampliar nossa capacidade de abate de 1 milhão para 1,5 milhão em dois anos, mas não será de um dia para o outro. Nossas vendas devem chegar primeiro e depois a produção.
AI- E em relação aos mercados chinês e russo?
MB- Recentemente o Ministério da Agricultura firmou um convênio de comercialização de carne de frango com a China, mas devemos considerar que o aumento das exportações será gradual. Não teremos um “boom” de demanda. A China também tem seus cuidados com o produtor local e quer protegê-los. Sabemos que grande parte do produto brasileiro entra por Hong Kong, por isso, precisamos focar o comércio direto, pois o preço será melhor. Já o caso da Rússia é mais complicado. Quando a falta produto, eles fazem condições excepcionais para o Brasil, quando eles estão bem, o bloqueio é pesado. É difícil prever algo com os russos.
AI- A Marfrig atende o mercado Halal para o Oriente Médio? Estes produtores específicos podem ser beneficiados?
MB- Sim, nós atendemos a este mercado e enxergamos franca expansão. Os avicultores capacitados às técnicas de abate halal pode ser beneficiados, sem dúvida.
AI- E o produtor de peru?
MB- A Marfrig comprou os ativos das operações de peru da Doux Frangosul em Caxias do Sul (RS). Mas esta operação não será contemplada com este convênio junto ao BB.