As exportações brasileiras para a Argentina tiveram queda de 42,1% no primeiro semestre. As importações caíram, mas não tanto: 19,5%. Com isso, houve déficit comercial com o principal parceiro do Brasil no Mercosul de US$ 48 milhões entre janeiro e junho, o primeiro desde 2003, quando o saldo negativo foi de US$ 500 milhões. Segundo o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral, a expressiva diminuição dos embarques é resultado não só da queda da demanda, mas também das medidas protecionistas adotadas pelo governo argentino, que prejudicam cerca de 14% dos produtos nacionais destinados às exportações.
Ontem, ao divulgar os dados de comércio exterior do semestre, Barral não quis comentar a intenção do governo brasileiro de retaliar produtos argentinos para pressionar o governo daquele país a retirar as restrições impostas. Apenas leu uma resposta já preparada: “O Brasil tem interesse no desenvolvimento harmônico de seus parceiros comerciais, mas eles também devem garantir acesso aos seus mercados de maneira recíproca. Defendemos a obediência às regras internacionais. Qualquer decisão que se refira ao Mercosul não será tomada de afogadilho”.
Barreiras – As barreiras levantadas pela Argentina, a partir de novembro de 2008, aos produtos importados, e que já afetam 14% das exportações brasileiras para o país, são parte de uma estratégia maior, de “industrialização com substituição de importações”. Foi o que revelou a ministra da Produção, Débora Giorgi, ao jornal “Página 12”, na única entrevista que deu desde que tomou posse no fim do ano passado. Suas declarações, feitas há duas semanas, foram reiteradas semana passada pela presidente Cristina Fernandez de Kirchner.
Apesar da forte derrota que sofreu nas eleições de domingo, Cristina afirmou que não vê motivos para fazer nenhuma mudança nos rumos de seu governo. Portanto a estratégia anunciada pela ministra está válida, pelo menos até o fim de 2009 quando assume o novo Congresso eleito dia 28.
– Com informações do Valor Econômico.