A Marfrig Alimentos confirmou ontem que assinou um compromisso de compra e venda com a Doux Frangosul, para aquisição dos ativos do segmento de peru da empresa no Brasil, conforme antecipou o Valor.
Segundo comunicado da empresa, o valor da negócio é R$ 65 milhões e inclui a planta de abate de peru em Caxias do Sul (RS), com capacidade diária de 30 mil aves, uma fábrica de ração, um incubatório e quatro granjas com cerca de 1 milhão de perus para abate e 50 mil para produção de ovos férteis. A Marfrig também vai “herdar” mais de 300 produtores integrados para fornecimento de aves.
O valor da operação pode ser ajustado conforme o resultado de uma due diligence. A empresa, que também atua em carne bovina, de suíno, de frango e de cordeiro, disse que a entrada no mercado de peru segue a estratégia de diversificação traçada desde a abertura de capital em 2007.
Com a entrada no novo mercado, a Marfrig vai concorrer com Sadia e Perdigão – que juntas na Brasil Foods devem ter mais de 80% da produção nacional de peru. Para um analista do setor de carne, a estratégia é inteligente, pois a Marfrig adquiriu o único outro produtor de peru do país e entrou num mercado de valor agregado, com exportações de US$ 557 milhões.
Analistas do Credit Suisse estimaram ontem, em relatório, que a operação adquirida deve adicionar um receita líquida anual de cerca de R$ 220 milhões a R$ 250milhões ao Marfrig. Além disso, ela deve representar 2% do EBITDA total da empresa.
Segundo o Credit Suisse, desde a abertura de capital, a Marfrig adotou “uma das mais seguras e bem-sucedidas estratégias de crescimento entre empresas de carne bovina da América do Sul”. O relatório observa que a empresa se diversificou e buscou outras regiões para operar. Antes mesmo de abrir capital, a Marfrig já tinha adquirido ativos no Uruguai e no Chile. Depois foi para a Argentina e também para a Europa, com a compra dos ativos da americana OSI.
Na visão do Credit Suisse, a aquisição das operações de peru deve complementar a estratégia de longo prazo da Marfrig, “fortalecendo não apenas seu portfólio de produtos processados no mercado doméstico, mas também suas operações europeias”. Isso porque a planta de perus no Brasil também deve fornecer carne para as unidades do grupo na Europa, creem os analistas do banco.