Redação (26/11/2008)- O Brasil, maior exportador de carne de frango do mundo e segundo maior fornecedor de soja, está tentando atrair investimentos da China, seu maior mercado para produtos agrícolas, em portos e estradas.
"A nossa maior dificuldade é a logística", disse ontem Célio B. Porto, secretário de Relações Internacionais do Agronegócio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). "Nosso maior problema para melhorar a produção é a falta de capital." O Brasil precisa melhorar os transportes para ter um fluxo mais desimpedido de bens até o porto, disse, em Cingapura, o representante do Mapa. O País fornece produtos como soja, carne congelada e tabaco no valor de US$ 11 bilhões para a China, o correspondente a 20% de suas exportações agrícolas, disse Porto.
A China, que tem 20% da população e 7% das terras aráveis do planeta, tem se voltado para as Filipinas e a África em busca de abastecimento estratégico de alimentos.
"Os investimentos que a China tem feito na Ásia e na África representam a produção futura. A competitividade do Brasil vem do fato de ter a produção presente", disse Porto. "A África tem muita terra, mas não a tecnologia ou a rapidez de resposta que o Brasil possui", afirmou.
Porto chefia uma delegação do governo brasileiro para Cingapura, Hong Kong e China, com o objetivo de expandir mercados. Em 2007 as exportações brasileiras para Hong Kong foram de US$ 1,2 bilhão e as destinadas a Cingapura, de US$ 298 milhões.
Escândalos
O Brasil tenta se beneficiar com escândalos, como o ocorrido na China envolvendo leite e outros itens contaminados com melamina. "Existe um aumento na demanda pelos nossos laticínios", relatou Porto. "Foi o que aconteceu com a exportação de carne bovina quando houve a doença da vaca louca nos EUA, em 2003."
Por outro lado, a crise mundial de crédito e o declínio nos preços dos grãos podem reduzir os investimentos na agricultura, o que causaria escassez de alimentos no futuro. "Com a queda das cotações dos produtos agrícolas, a falta de investimento nesses produtos ocorrerá primeiro onde o custo da produção é mais alto; e esse não é o caso do Brasil", observou Porto.
Em Brasília, durante almoço oferecido ao primeiro-ministro de Cingapura, Lee Hsien Loong, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convidou os empresários de Cingapura a investir no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "Convido os homens de negócios de Cingapura a apostar no nosso PAC. Estão previstos investimentos públicos e privados de grande magnitude, sobretudo no setor de infra-estrutura onde é notável a competência das empresas de Cingapura", disse ele.