Redação (21/11/2008)- Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que, de janeiro a outubro deste, o país representou 38,1% da receita proveniente das vendas de carne bovina in natura ao exterior. No caso das carnes suínas em geral, a participação russa no valor dos embarques foi de 51%. Para as exportações de carne de frango, a fatia ficou em 4,9% no mesmo intervalo.
Como já informou o Valor a partir de balanços divulgados recentemente pelas entidades que representam os exportadoras de carne – Abiec (bovina), Abef (frango) e Abipecs (suína) – , nos primeiros dez meses do ano as vendas de carne bovina in natura à Rússia, principal destino do produto, somaram 361,6 mil toneladas, 0,6% menos que em igual período de 2007, e renderam US$ 735,6 milhões, alta de 84,75%.
Também de janeiro a outubro, os embarques de carne suína para o mercado russo atingiram 203,7 mil toneladas, 6,8% abaixo do total do intervalo equivalente do ano passado, e geraram US$ 676,4 milhões, um aumento de 35,4%. Na carne de frango, foram 148 mil toneladas, queda de 7%, mas US$ 292 milhões, crescimento de 25%.
A matemática explica, portanto, porque as companhias exportadoras acompanham com tanto interesse a crise de crédito na Rússia, que a partir de outubro motivou pressões para redução de preços por parte de importadores do país, e, especialmente, a expectativa em torno da discussão das cotas determinadas por Moscou.
Na última segunda-feira, os presidentes de Abef e Abipecs – Francisco Turra e Pedro de Camargo Neto, respectivamente – estiveram em Brasília e receberam do presidente Lula promessa de apoio para que a Rússia não discrimine, com cotas, suas importações de carnes de frango e suína.
Camargo Neto e Ricardo Santin, assessor da Abef, defendem inclusive que a Rússia adote o princípio de "nação mais favorecida", que acaba com a discriminação e os privilégios normalmente concedidos a exportadores americanos e europeus.
Na quinta-feira foi a vez do deputado federal Valdir Colatto (PMDB/SC), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, manifestar sua preocupação sobre o tema, particularmente com a idéia russa de reduzir em 500 mil toneladas por ano as cotas totais de importação de carnes de frango e suína. Colatto apóia o fim da discriminação.