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Coréia e Brasil assinam acordo bilateral

<p>RDA anuncia abertura de laboratório no Brasil e Coréia do Norte também quer cooperar com a Embrapa Cerrados.</p>

Redação (19/11/2008)- O economista Soo-Hwa Lee, presidente da Agência de Desenvolvimento Rural da Coréia (RDA), anunciou ontem pela manhã (18), durante visita à Embrapa Cerrados (Planaltina – DF), a abertura de um laboratório da RDA no Brasil. O início das pesquisas da RDA no país faz parte do acordo de cooperação bilateral a ser assinado nesta quarta-feira pelos presidentes Lee Myung-bak e Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília. Em contrapartida, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa terá um laboratório virtual no exterior – Labex na Coréia do Sul.

Lee destacou que a RDA “trabalha fortemente em rede” com países do sudeste asiático.  “Por meio da RDA, a Embrapa poderá acessar conhecimento no Vietnam, Tailândia e outros países da Ásia”, comentou. Para o economista, a estadia no Brasil será também uma oportunidade de debater medidas, no âmbito da pesquisa agropecuária, para superar a crise financeira internacional.

O dirigente da RDA disse ainda que a competência da Coréia em aplicar a tecnologia da informação e a nanotecnologia na pesquisa agropecuária será útil para o Brasil. Lee citou as pesquisas com a proteína da seda, amplamente utilizada na indústria de cosméticos, como um exemplo de inovação.

Hong-Kil Moon, diretor da RDA, e o pesquisador Hong-Sik Kim também participaram da reunião com a pesquisadora Marília Santos Silva, articuladora internacional da Embrapa Cerrados. Moon enfatizou o interesse em cooperar com a Embrapa Cerrados e citou as áreas de integração lavoura-pecuária e desenvolvimento de cultivares resistentes à seca como algumas das prioridades. “Em 2009, vamos organizar um Simpósio Brasil – Coréia. Será uma oportunidade para identificarmos áreas de interesse mútuo”, salientou Moon.

O pesquisador Geraldo Martha Júnior abordou o potencial para incremento da produção de grãos e carne no Cerrado por meio da recuperação de pastagens degradadas e ampliação da integração lavoura-pecuária. “A Embrapa Cerrados é um centro de pesquisa relevante, e acho importante incluir áreas de interesse deste centro no acordo firmado com a Embrapa”, comentou Moon ao final do encontro.

A comitiva coreana explicou que apenas 16% do território coreano, ocupado em sua maior parte por montanhas, são terras aráveis. O arroz é cultivado em 80% da área destinada à agricultura. O tamanho médio das propriedades rurais é de 1,4 hectares. “As áreas são pequenas, mas o uso de tecnologia é intenso”, destacou Lee. Os investimentos em ciência e tecnologia representam 7% do PIB coreano, estimado em US$1,2 trilhões.

Coréia do Norte também quer cooperar com a Embrapa Cerrados

Kim Chol Hun, relações exteriores do Ministério da Agricultura da Coréia do Norte, Jong Chol Su, pesquisador da equipe de soja do Ministério da Agricultura norte coreano, e o produtor Jo Yong Phyo, dirigente de uma cooperativa agrícola, visitaram a Embrapa Cerrados na última segunda-feira (17), acompanhados pelo pesquisador Carlos Spehar, para conhecer as pesquisas com estirpes de bactérias fixadoras de nitrogênio. A Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa possui um banco de germoplasma com duas mil estirpes selecionadas pelos pesquisadores.

O grupo visita o país para compreender melhor os avanços alcançados pela agropecuária brasileira e planeja incrementar o uso de estirpes eficientes de rizóbio na cultura da soja. A soja é cultivada em 50 mil hectares no norte coreano. O rendimento médio é entre 1,5 e 2 toneladas por hectare. “A soja é um cultivo tradicional na Coréia. Como não há muita área, existe a necessidade de melhorar a tecnologia para aumentar o rendimento”, comenta Spehar.

O pesquisador Fábio Bueno Júnior apresentou o laboratório de microbiologia dos solos à comitiva e tirou dúvidas sobre o uso dos inoculantes para fixação biológica de nitrogênio, tecnologia que permite ao Brasil economizar acima de US$4,5 bilhões por ano pela substituição de fertilizantes químicos por inoculantes no cultivo da soja.

“Para se ter uma idéia do que isso representa, em outubro de 2008, o uso de 50 kg de nitrogênio por hectare, na forma de sulfato de amônio, na soja cultivada no Brasil resultaria em um custo adicional de cerca de R$ 389,00/ha, totalizando 8,5 bilhões de reais nos 22 milhões de hectares cultivados com soja”, destaca Bueno. 

A Coréia do Norte pretende também produzir leite de soja para uso na alimentação infantil. A comitiva norte coreana visitou ainda a Universidade de Brasília e o escritório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).