Redação (17/11/2008)- Enquanto na suinocultura os dejetos hoje são fundamentais no aproveitamento de biodigestores para geração de energia, na avicultura, os dejetos pouco são destinados para esse fim, mas tem crescido a sua utilização na adubação de lavouras e hortas. Essa integração pode oferecer uma economia em até mais de 20% do que o produtor gastaria normalmente com adubação química.
O técnico agrícola Darinês Luis Wilsmann, de Santa Helena, em seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do curso de Agronomia, está estudando a “Implicação de diferentes doses de cama de aviário no rendimento de grão de milho”. O santa-helenense conta que o tema foi decidido depois de várias observações que fez no campo, com produtores que utilizam a cama de aviário como adubo e em suas atividades do dia a dia, já que também é produtor rural. “O produtor sempre está em busca de reduzir custos. A adubação orgânica com cama de aviário possibilita isso de maneira racional, já que oferece economia sem perder em produtividade”, aponta Wilsmann.
Disciplina
Conforme o técnico, para ter retornos visíveis com esse tipo de adubação, o produtor precisa manter uma disciplina de aplicação anual. Ele comenta que que muitos produtores, quando não observam o retorno imediato da medida, acabam mantendo o trabalho anual e, por isso, o retorno não é como o esperado. “A aplicação precisa ser contínua. A adubação orgânica com cama de aviário proporciona uma liberação gradativa de nutrientes, por isso é importante não parar. No primeiro ano, por exemplo, disponibiliza 30% de nitrogênio e fósforo”, explica.
A adubação com cama de aviário é eficaz, continua Wilsmann, tanto em lavouras e hortas, quanto em pastagens. A continuidade das aplicações oferecem, avalia, resultados satisfatórios. “Sem contar que aumenta o teor de matéria orgânica no solo, segurando mais tempo a umidade e oferecendo maior aeração”, pontua.
Para o produtor que não quer esperar, sugere a composição da cama, ou outro tipo de adubo orgânico, com a adubação química. “Mas é importante que o produtor que tem aviário ou pocilga perceba que é possível fazer essa integração que oferece redução de custos, especialmente na nossa região que a suinocultura e a avicultura são muito fortes. E o resultado final compensa”, afirma Darinês Wilsmann, lembrando que tanto a sua pesquisa acadêmica, quanto nas avaliações práticas que faz no seu trabalho confirmam o bom desempenho.
Economia
O produtor rural Claudino Roque Lorenzatto, de Nova Santa Rosa, faz a integração lavoura e avicultura desde 1996 quando construiu seu primeiro aviário. Segundo ele, a medida tem se mostrado, ao longo desses 12 anos muito viável, refletindo em economia na implantação da lavoura.
Lorenzatto tem 80 alqueires em que cultiva soja e milho. Ele observa que faz a composição, em que de cada dez sacos de adubo que aplica, dois são de adubo orgânico a partir de cama de aviário. “Além da cama do meu próprio aviário, também compro de alguns vizinhos, porque o custo é menor do que comprar adubo químico”, comenta.
Para Lorenzatto, dois fatores têm motivado a utilizar todos os anos a cama de aviário como adubo. O primeiro é o fato de reduzir o índice de produtos químicos na terra e o segundo é a redução de custos. “Estou satisfeito porque economizo sem perder na produtividade”, comemora.
Praticidade
A cama de aviário também pode proporcionar lucro ao produtor com sua comercialização a empresas que produzem fertilizantes e adubos orgânicos e também a outros agricultores que fazem uso desse expediente em suas lavouras.
A tonelada de cama hoje gira em torno de R$ 60 a R$ 70. Um aviário de 14×130 metros, depois de aproximadamente sete lotes, tem capacidade para produzir de 170 a 180 toneladas de cama, ou mais.
A Fertiflora do Grupo Herbioeste de Toledo compra cama de aviário tanto para utilizá-la tanto na composição de outro fertilizante quando para produção de adubo orgânico puro. O engenheiro agrônomo da Fertiflora, Alexandre Cher, observa que a empresa compra a cama do produtor ou de empresas que fazem a limpeza de aviário e depois do produto triturado, granulado e seco é utilizado na composição de fertilizantes.
O adubo considerado orgânico puro também passa por um processo onde acontece a compostagem, controle de umidade e temperatura, fermentado… Quando estabilizado, o produto é granulado e, aí sim, recebe o selo de adubo orgânico. “A procura por esse tipo de adubo vem aumentando consideravelmente por que tem aumentado muito o número de produtores que estão aderindo às várias modalidades de agricultura orgânica. O custo também é observado quando se opta por esse tipo de produto”, destaca o agrônomo, lembrando que a Fertiflora tem colocação garantida do que produz.
Para o agrônomo, a adubação orgânica é uma importante opção que o produtor tem a seu alcance a um custo bastante interessante. “O produtor precisa avaliar com o agrônomo que lhe dá consultoria, qual é a melhor opção para sua lavoura”, conclui Cher.