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Proteção ao milho

<p>Abramilho analisa que garantia de preços é fundamental.</p>

Redação (07/11/2008)- Se as políticas públicas de garantia de preços e o uso dos mecanismos de comercialização não tiverem cuidadosa e competente administração para inibir a pressão de compradores internos e forçar uma baixa de preço em função dos estoques atuais, os produtores de milho diminuirão o plantio da safrinha. Com isso, o país não terá uma próxima safra que garanta o abastecimento interno e um volume expressivo de exportações. Quem alerta é o presidente-executivo da Abramilho (Associação Brasileira dos Produtores de Milho), Odacir Klein.

Segundo o executivo, os dados atuais já prenunciam tal reação. De acordo com as informações da Conab e do Ministério da Agricultura, a safra de milho 2008/09 está prevista em 55 milhões de toneladas. "Ou seja, a produção sofrerá um decréscimo de 6% em relação à de 2007/08", antevê.

A previsão da Abramilho, também para o próximo período, é de que o mercado interno absorverá 47,5 milhões de toneladas de milho, enquanto as exportações deverão repetir o volume de 5,5 milhões de toneladas estimados para este ano. "A se configurar tal cenário, o Brasil estará produzindo milho para um apertado abastecimento interno, em 2008/09, e com nenhuma previsão de aumento na quantidade exportada que, indubitavelmente, já terá sido muito baixa em 2008", analisa Klein.

"Ao final de 2008, o Brasil terá um expressivo estoque de passagem, que poderá ser superior a 13 milhões de toneladas, o que corresponde a aproximadamente  70% do volume colhido na safrinha", observa. Os estoques brasileiros estão concentrados no Paraná e no Centro-Oeste, ocupando espaços de armazenagem que, no final do primeiro trimestre de 2009, terão que ser cedidos para a estocagem da safra de soja.

 Enquanto isso, os estoques mundiais de milho continuam baixíssimos. De acordo com o presidente-executivo da Abramilho, a busca de milho pelo mercado externo deverá aumentar, como também crescerá o consumo mundial de proteínas de origem animal. Ao mesmo tempo, é certo que os Estados Unidos continuarão usando grandes quantidades de milho para a produção de etanol.

Tiro no pé

"Diante de tal quadro mundial, seria irresponsável que, no Brasil,  o poder público e a iniciativa privada não estimulassem uma comercialização compensadora para o produtor de milho, mesmo com a atual expressão dos estoques. A expectativa da Abramilho é de que a visão de futuro prevaleça, vencendo as dificuldades momentâneas. Ninguém, em sã consciência, pode querer dar um tiro no próprio pé", assevera Odacir Klein.

 Para ele, a hora é de diálogo entre os setores interessados. "Não podemos nos deixar levar por um quadro momentâneo levando o Brasil, em um futuro próximo, a não dispor de milho suficiente para atender a grande demanda interna e mundial, que continuará em alta. Não vamos nos esquecer que proteínas animais são geradas com rações e as rações são geradas com milho", conclui.

Sobre a Abramilho

A Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) é uma entidade civil com sede em Brasília que mantém como afiliados associações estaduais, independentes ou em parceria, nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Piauí e também no Distrito Federal. A Abramilho foi criada em 2007, como um movimento espontâneo dos produtores de milho pela necessidade de se organizarem diante dos desafios nacionais e internacionais vivenciados pela cultura nos últimos anos.