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Crise afeta exportação brasileira, alerta OMC

<p>Relatório anual refaz cálculos e rebaixa País para 24o lugar.</p>

Redação (06/11/2008)- A Organização Mundial do Comércio (OMC) alerta que as exportações brasileiras passarão por "tempos difíceis" diante da crise internacional e da queda nos preços das commodities. Ontem, a entidade divulgou seu relatório anual sobre comércio e refez seus cálculos. Na revisão, o País caiu uma posição no ranking dos maiores exportadores em 2007 em relação à classificação elaborada em abril.

Pelo ranking divulgado ontem em Genebra, o Brasil ocupa o 24º lugar entre os maiores exportadores, com 1,2% do comércio internacional. Em abril, a OMC havia colocado o Brasil na 23ª posição, mas a consolidação dos dados acabou rebaixando o País, que foi superado pelos Emirados Árabes Unidos. Países relativamente pequenos como Áustria, Suécia e Suíça mantêm maior participação no comércio mundial que o Brasil.

A OMC também apresentou uma revisão do crescimento do comércio de 2007, passando de 5,5% em sua versão de abril, para 6%. Já em 2008, a crise deve fazer com que a taxa de expansão seja de cerca de 3,5%, uma das menores em anos.

No caso do Brasil, a taxa de expansão das exportações em 2007 ficou abaixo da média do Mercosul e a menor entre os Brics (Brasil, Rússia, Índia e China). Em 2007, as exportações do País cresceram 17% em valor, com US$ 160 bilhões. Em volume, porém, o aumento das vendas externas foi de apenas 6,9% em 2007. Com a nova classificação, o Brasil se mantém na mesma posição de 2006. Em 2005, era o 23º colocado.

Para 2008, um dos principais responsáveis pelos dados da OMC, o economista Michael Finger, alerta para um "momento difícil" no Brasil. "Com a crise, vemos uma demanda mais fraca, e isso significará redução nos preços das commodities." Além disso, a recessão nos mercados ricos indica que o Brasil terá dificuldades para aumentar as vendas. Dados da União Européia indicam que o Brasil sofrerá queda do ritmo de exportações também em 2009. Até meados deste ano, era a alta das commodities que estava salvando as exportações brasileiras e permitindo que o País mantivesse crescimento acima dos índices da China, pela primeira vez em décadas. Segundo a análise da OMC, mais da metade da alta nas exportações foi por causa dos preços, e não do volume.

Já no primeiro semestre Finger alertou que "a bonança nos preços das commodities não durará para sempre, e o Brasil precisa aproveitar a situação para montar uma estratégia que permita aumentar sua competitividade em todos os setores".

DÉFICIT
O governo chegou a ficar tão empolgado com o ritmo das exportações no início do ano passado que previu que o País se tornaria o 20º maior exportador. Para os analistas, a ameaça agora é de queda do superávit. Diante do aumento no consumo doméstico, o Brasil apresenta um dos maiores aumentos de importação entre as principais economias, com taxas duas vezes maiores que o desempenho das exportações.

Em 2007, as importações brasileiras cresceram 32%. Nos dois primeiros meses deste ano, a alta foi ainda maior, e chegou a 50%. Nos últimos três meses, foi de 57%. A previsão é de que essa tendência será mantida, com o potencial de reduzir o superávit na balança.

Em 2006, o Brasil ocupava a 29ª posição entre os importadores, com US$ 88 bilhões. Pela avaliação inicial, o Brasil passou para a 27ª posição, superando Dinamarca, República Checa e Emirados Árabes Unidos. Ontem, a revisão dos números revelou que o Brasil é, na realidade, o 28º maior importador. No total, a economia brasileira importou US$ 126,6 bilhões, apenas 0,9% das compras mundiais. Em 2006, era 0,7%.

Segundo a OMC, apenas os russos – entre as 30 maiores economias do mundo – tiveram alta nas importação acima da taxa brasileira no ano passado, com 35%. O índice de crescimento do Brasil é ainda o dobro da média mundial, de 14% em 2007, com US$ 14,2 trilhões. Desse total, 14% foram para os EUA. Os americanos somaram pela primeira vez importações de US$ 2 trilhões, US$ 1 trilhão acima do segundo lugar, a Alemanha. A China superou o Japão e se tornou o terceiro maior consumidor, com US$ 621 bilhões e um crescimento de 21%.

Entre os exportadores, o maior em 2007 foi a Alemanha, com 9,5% do comércio mundial. A China é o segundo, com US$ 1,2 trilhão e 8,7% do mercado internacional. No ano passado, as exportações do país cresceram 26%, superando os Estados Unidos, que hoje exportam US$ 1,1 trilhão e aumentaram 12%.