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"Rei da soja" da Argentina aposta em aumento de demanda

<p>Grupo não acredita em uma mudança mundial nos padrões alimentares, isso ocorreria se os chineses parassem de comer frango ou os europeus deixassem de comer carne suína.</p>

Redação (23/10/2008)- Os preços da soja vão em breve se recuperar da liquidação disparada pela crise financeira global, e a demanda crescerá lentamente, mas de maneira estável, disse um dos principais produtores da Argentina nesta semana.

Gustavo Grobocopatel, gerente-geral do Grupo Los Grobo, afirmou que a queda na demanda poderia ser causada apenas pela mudança dos hábitos alimentares nos principais consumidores da oleaginosa, como a China e a União Européia, algo que ele vê como improvável.

"Nós não vemos uma mudança mundial nos padrões alimentares, isso ocorreria se os chineses parassem de comer frango ou os europeus deixassem de comer carne suína", declarou Grobocopatel, apelidado pela mídia argentina de "rei da soja".

A maior parte da safra de soja argentina é processada para produção de farelo utilizado pelas indústrias de ração animal. A Argentina é o terceiro maior exportador mundial de soja e o principal fornecedor de óleo de soja e farelo.

"A demanda continuará, talvez crescendo em uma velocidade mais lenta, mas crescendo continuamente", afirmou ele. A oleoginosa respondeu por quase 25% da receita resultante das exportações do país no ano passado.

A queda de 40% nos preços da commodity ante o pico de julho alarmou os produtores no começo da temporada 2008/09.

O declínio dos preços criou um cenário sombrio para a agricultura, setor que ajudou a tirar o país da crise econômica em 2001/02.

Grobocopatel, que cultiva mais de 247 mil acres (100 mil hectares) na Argentina, afirmou que os preços da soja provavelmente não cairão ainda mais. "Há uma especulação negativa sobre os preços dos grãos em geral e eu não sei quando eles vão sair das mínimas, mas eu acho que estamos quase lá", disse ele.

A queda dos preços não impediu os produtores argentinos de expandirem a área de plantio, ocupando a terra que era utilizada para outras culturas, como a de cereais. Grobocopatel culpou as altas taxas de exportação de grãos por levar alguns produtores a pular as rotações de safra, que ajudam a preservar os nutrientes do solo.

Segundo estimativas, os 16,6 milhões de hectares da última temporada podem subir para 18,2 milhões de hectares em 2008/09, aumento que pode significar uma produção recorde de mais de 50 milhões de toneladas.

"A principal pessoa prejudicada pela falta de rotação das safras é o produtor. Há um grande incentivo para os produtores revezarem as plantações. Muitas vezes, as políticas do governo não encorajam isso", revelou ele.

Atualmente, as exportações de milho enfrentam tributos de 25%, e a remessa de trigo é taxada a 28%. A soja, por sua vez, sofre um imposto de 35%, a maior tarifa de todas.

No entanto, as margens de lucro com a oleoginosa ainda fazem desse produto uma aposta mais segura para muitos produtores, especialmente porque a Argentina costuma taxar menos a exportação de produtos de maior valor agregado.