Redação (22/10/2008)- Agricultores de Mato Grosso estão tomando uma medida radical. Eles suspenderam o pagamento da dívida com os bancos para usar o dinheiro no plantio da safra.
No campo, o cultivo da soja está atrasado em duas semanas. Até agora, foram plantados 15,3% do previsto. Os produtores afirmam que a demora foi causada pelo clima, devido ao atraso das chuvas, e por dificuldades em conseguir empréstimos para compra de adubo. Esse é um reflexo da crise financeira mundial.
“A situação a cada dia vem se agravando porque estávamos com um endividamento muito alto, com parcelas para pagar e estamos sem crédito para fazer a próxima safra, a grande dificuldade do Estado hoje”, disse Glauber Silveira, presidente da Aprosoja.
Na página na internet, a associação orienta os produtores a priorizar o plantio, deixar de pagar a dívida de um bilhão de reais da safra passada, que venceu 15 de outubro, e enviar uma carta ao banco pedindo a suspensão da cobrança. Setenta e cinco por cento dos produtores de Mato Grosso não efetuaram o pagamento, segundo a Aprosoja.
“Infelizmente nesse momento o mais importante é ele plantar do que pensar em ter crédito”, completou Silveira.
Segundo o Banco do Brasil, não houve redução nos empréstimos ao setor rural. Os produtores que solicitaram o adiamento da dívida estão com cadastro normalizado, mas não podem fazer empréstimo para investimentos, somente para custeio da safra. Os que não pagaram e nem justificaram são considerados inadimplentes.
“Para esses clientes serão aplicadas as regras contratuais. Então, haverá incidência de encargos de inadimplemento entre outras medidas”, avisou Anderson Scorsafava, gerente de agronegócio do Banco do Brasil.
O governador Blairo Maggi e representantes dos produtores foram na terça-feira a Brasília. Em reunião com o ministro da Agricultura, Reinholds Stephanis, eles pediram a liberação de mais crédito e a renegociação de dívidas que vencem em 2008.
Mas o Ministério da Agricultura ainda não se posicionou sobre o pedido dos produtores. Por isso, as incertezas permanecem.
Os produtores de algodão também estão apreensivos. Por causa da falta de crédito, eles estudam reduzir em 30% a área a ser plantada.