Redação (20/10/2008)- Os efeitos da crise econômica mundial ainda não são totalmente conhecidos para o setor de alimentos, mas, em decorrência justamente do cenário incerto, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, garantiu ontem que, se necessário, o governo federal adotará instrumentos para, pelo menos, cobrir o custo da produção. Se daqui 5 ou 6 meses o cenário não for favorável, o que é impossível prever agora, nós vamos adotar os nossos instrumentos. Garantimos que pelo menos o custo de produção será coberto, afirmou.
Claro que a minha função é transmitir um certo otimismo. Mas eu acho que o agricultor tem que plantar. Ele não é como uma indústria, que diminui a linha de produção, dá férias coletivas. Agricultura tem que rodar. E o governo federal tem instrumentos para auxiliar na hora da produção e na hora da comercialização, reforçou ele. Segundo Stephanes, o governo federal pode lançar mão dos instrumentos tradicionais, como formação de estoques ou mesmo de empréstimos, semelhantes aos mecanismos já acionados hoje para o trigo.
No caso do trigo, houve um aumento de produção muito forte de um lado e, de outro lado, as indústrias estavam com estoques de trigo importado. E aí elas não entraram logo na compra assim que surgiu a colheita. Então o governo federal teve que entrar, e entrou, disse o ministro, que ontem estava de passagem por Curitiba para a abertura do 15º Congresso Internacional do Trigo, evento que segue até amanhã e tem como tema a integração da cadeia produtiva.
Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Sérgio Amaral, ex-ministro da gestão FHC, a crise só não terá efeitos negativos se, a partir de 2009, ocorrer uma estabilização dos preços.
Para o presidente do Sindicato da Indústria do Trigo no Estado do Paraná, Marcelo Vosnika, o principal impacto da crise para o setor de alimentos é a redução do crédito. É claro que ninguém vai parar de consumir alimento. Mas são produtos que dependem de crédito. Segundo ele, se o governo federal fizer o que promete, não haverá problemas para o setor.
O secretário da Agricultura, Valter Bianchini, sinalizou ontem que, se for necessário, o governo estadual também está disposto a sentar na mesa de negociações. Eu acho que o foco não é só o crédito. O seguro da produção do trigo tem um custo elevado, sendo que 70% do total é pago pelo governo federal. Se for necessário, o governo estadual pode discutir o assunto com os produtores, antecipou Bianchini. Atualmente, o Paraná é responsável por mais de 50% da produção nacional de trigo.