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Fundamentos sustentam preço das carnes bovina e suína

<p>Boi continua imune a crise e a suinocultura nacional vive um bom momento.</p>

Redação (07/10/2008)- O boi gordo continua imune à crise que atinge a cotação das commodities agrícolas. Em São Paulo, o preço da arroba valorizou-se 1,5% desde o início de setembro e a carne bovina no atacado paulista subiu ainda mais, 5%, e bate recordes nominais sucessivos, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP). A carne desse animal só perdeu para a suína que teve forte valorização de 14,5% no período. Enquanto isso, as cotações internas de soja e milho caíram 3,36% e 6,5%, respectivamente, o que deve contribuir para pressionar para baixo o custo de produção de carnes, principalmente de frango e suíno.

"Esse cenário externo negativo não afetou a economia real, até o momento. Ainda não sentimos queda da demanda, tanto no mercado interno quanto no externo", afirma Sérgio De Zen, pesquisador do Cepea. Além disso, o setor de carnes não é afetado diretamente pelo movimento especulativo do mercado de commodities, conforme explica Fabiano Tito Rosa, analista da Scot Consultoria.

"O mercado de carnes está com pouco gado disponível para abate desde a entressafra de 2006. O pecuarista está reinvestindo para aumentar a produção. Mas o ciclo é longo e esse incremento só refletirá em mais oferta em três ou quatro anos. Neste momento, são os fundamentos que estão comandando este mercado", avalia Rosa.
Ele acredita também que, além de não ter respingado na economia real, a crise financeira não afetou os mercados emergentes, para os quais o Brasil mais exporta carne, como Rússia, Oriente Médio e Ásia. Mas a falta de crédito aos frigoríficos pode mudar esse cenário positivo para o setor, na avaliação de Roberto Giannetti da Fonseca, vice-presidente do Conselho de Comércio Exterior da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp). "Os frigoríficos usam os recursos do Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC) para pagar o pecuarista pelo boi. Esse dinheiro irriga o setor. Se ele não estiver disponível, pode haver pressão sobre o preço da arroba", avalia Gianetti. Segundo ele, a falta de crédito para exportação pode também limitar o acesso dos frigoríficos exportadores ao bom momento do câmbio.

Somente a carne de frango teve recuo de preço desde setembro, segundo levantamento do Cepea. Essa queda foi de 2,5%. "A retração ainda não reflete os menores preço do milho e da soja, o que só deve acontecer ao final deste mês", garante Érico Puzzer, vice-presidente da União Brasileira de Avicultura (UBA). O impacto no custo de produção deve ser de R$ 0,05 a R$ 0,10 por quilo do animal, o que significa até 5,8% de redução no custo, estimado atualmente em R$ 1,70. "Chegamos a pagar R$ 31 pela saca do milho e hoje estamos pagando R$ 24", comemora Pozzer. Mas a preocupação do setor é que o impacto positivo do menor preço dos grãos não chegue ao avicultor. Isso porque há crescimento expressivo da produção de frangos no País, acima da expansão da demanda. "Vamos sair do patamar de 460 milhões de pintos alojados para 480 milhões. Há receio de que essa baixa do preço da carne de frango apurada pelo Cepea já seja reflexo de uma maior oferta do animal", preocupa-se Pozzer.

Suinocultura

Já a carne suína apresenta elevações de preços antecipadas. Na avaliação de Pedro de Camargo Neto, presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Carne Suína (Abipecs) o cenário se deve à melhora dos preços no mercado internacional e do equilíbrio da oferta interna. "Não está sobrando carne. E a alta do boi também vem puxando o preço das outras carnes", afirma.

Assim, o final do ano, que já é considerado o melhor momento de preços para a carne suína, deve, neste ano, ser ainda melhor, segundo ele. "Esse aumento de preço em setembro e outubro é indicativo de demanda aquecida, de melhora de renda. Só que esse aumento de consumo costuma acontecer somente a partir de novembro, o que indica que teremos um fim de ano ainda melhor". Apesar de não ter os dados precisos, o dirigente da Abipecs acredita em uma elevação do consumo per capita de carne suína de 12,5 quilos por habitante por ano para 14 quilos.