Redação (03/10/2008)- Biotecnologia, pesquisas sobre os solos nativos do bioma cerrado entre outras facetas regionais é o que o centro de pesquisa da Epamig- Empresa de pesquisa agropecuária de Minas ou centro de convivência com a seca devem trabalhar em Montes Claros.
A prefeitura doou uma área de 5000 metros quadrados, no distrito industrial de Montes Claros dentro do Parque Tecnológico, para que seja construído em breve o Centro de Convivência com a Seca. A secretaria de Desenvolvimento para os Vales do Jequitinhonha e Mucuri aceitou o oferecimento da área e disse que ira tomar as providencias para instalação do referido Centro naquele terreno.
Conforme dados da Epamig, a necessidade em se estudar o que pode ser feito para que o homem do campo saiba viver com a seca, já que é sua companhia durante quase todo o ano, mostra que há no Estado de Minas Gerais uma contribuição não muito expressiva ao PIB- Produto Interno Bruto. E é preciso que se explore o que a região tema ofertar dentro de suas disposições climáticas.
A pesquisa ainda mostra que a região Central na produção de praticamente metade do PIB estadual (45,6%), onde está 35% da população residente no Estado, sendo a ela assegurada uma renda per capita 31% superior à média estadual. No extremo oposto, as Regiões Norte, Noroeste e Jequitinhonha/Mucuri têm participações inexpressivas no PIB gerado e no PIB por habitante, pouco mais de 35% da média estadual. A Região Noroeste registra o menor PIB regional, mas também exibe a menor área e abriga o menor contingente populacional (1,9%). Em situação semelhante encontra-se a Região Norte de Minas, com uma participação no PIB estadual de 4,7%.
Segundo o gerente da Epamig, a carência de tecnologia para a agropecuária nessas regiões contribui para alimentar o círculo vicioso das precárias condições sociais. Regiões com baixo IDH e com potencial agrícola demandam investimentos em pesquisa agropecuária, sobretudo aquela que busca alternativas tecnológicas para produzir alimentos e alternativas energéticas em maior quantidade, com menores custos e com qualidade, ofertando à população produtos saudáveis, produzidos sem agressões ao meio ambiente.
– O escopo da pesquisa agropecuária é a geração de informações, conhecimentos e tecnologias para uso da cadeia produtiva do agronegócio, com benefícios para o produtor rural e para o consumidor final – diz.
AGROPECUÁRIA
No contexto pecuário, o Estado possui o terceiro maior rebanho bovino, com cerca de 20 milhões de cabeças, representando 11,6% da produção nacional. É o primeiro na produção de leite, com 28,6% do total nacional, o que gera uma receita bruta da ordem de R$ 3,5 bilhões. A produtividade leiteira do rebanho mineiro também é superior à média nacional: 6,2 L/vaca em Minas Gerais, contra 4,7 L/vaca na média do Brasil.
Para marco Antônio Viana Leite, gerente da Epamig, a tecnologia gerada, podem traduzir-se num enriquecimento de conhecimentos a respeito de novas técnicas de produção, novas cultivares, novos insumos e até novas raças. As conseqüências são muitas: melhorias na qualidade do produto, menores preços, redução nas importações e aumento das exportações, preservação ambiental, racionalidade no uso dos recursos naturais e energéticos, geração de emprego e renda e potencialização do estoque de conhecimento.
As estiagens prolongadas destroem lavouras, contribuem para o aumento da pobreza e obrigam os agricultores do Norte de Minas, Vale do Jequitinhonha e Mucuri a deixarem a região em busca de oportunidades. Para que essa situação seja revertida, há necessidades do desenvolvimento de tecnologias capazes de oferecer alternativas para convivência com a seca.
Ao longo do tempo, os governantes (municipal, estadual e federal) têm desprendidos grandes esforços para minimizar os prejuízos dos agricultores dessas regiões causados pelas estiagens prolongadas. Entretanto, essas ações são apenas paliativos que se repetem ano após ano sem sustentabilidade.
A realização de pesquisas nessa região é de fundamental importância, pois a partir dos seus resultados, práticas agrícolas podem ser desenvolvidas e adotadas para que os agricultores possam cultivar suas lavouras e obter rentabilidade sustentáveis. Em um centro de pesquisa as tecnologias podem ser criadas ou importadas de outros centros localizados em regiões com características edafoclimáticas semelhantes, podendo ser adaptadas. Um país como Israel, que investe grandes volumes de dinheiro em pesquisas agrícolas consegue produzir e conviver de forma sustentável com longos períodos sem chuvas.
– A agricultura de Israel representa cerca de 2,5% do PIB e 3% das exportações. Israel produz 93% de suas necessidades alimentícias. Tudo isso foi possível graças aos altos investimentos em pesquisas para conviver com as adversidades climáticas e de solo- conclui Marco Antônio.