Redação (01/10/2008)- O Manual de Crédito Rural é claro: se em cinco anos o pequeno agricultor amparado pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) tiver três quebras de safras em uma determinada cultura, ele fica sem crédito na praça. Antes mesmo de completar os tais cinco anos de vigência das regras estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em 2004, cerca de 12 mil agricultores familiares que produzem milho no Rio Grande do Sul terão de optar por outras culturas, isso se quiserem ter acesso a crédito e seguro oficiais. Eles registraram quebra de produção no cultivo de milho superior a 30%. As outras culturas da mesma propriedade, entretanto, não perdem direiro ao custeio.
Em todo o Brasil são 22 mil pequenos agricultores nessa mesma situação, informa o diretor da Secretaria de Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), João Luiz Guadagnin, quase 100% deles concentrados no Sul do País. "Isso representa menos de 2% da área total onde se cultiva milho", pondera. A produtividade média desses agricultores – de 2,8 mil quilos por hectare – que tradicionalmente já ficava abaixo da média do Estado – 4,8 mil quilos por hectare – foi ainda muito menor, segundo aponta os dados da Emater.
Essa barreira restritiva de crédito atinge cerca de 5% dos 220 mil produtores gaúchos, que semeiam em uma área equivalente a 50 mil hectares. Na safra 2007/08, a área colhida com o grão foi de 1,42 milhão de hectares.
O coordenador de crédito rural da Emater, Cézar Henrique Ferreira, explica que estão em andamento projetos de reconversão. "É preciso avaliar qual a melhor alternativa para compor a renda do agricultor. Deve ser levada em conta a potencialidade da região", analisa Ferreira.
Quebras de safras limitam o crédito
<p>Barreira restritiva de crédito atinge cerca de 5% dos 220 mil produtores gaúchos, que semeiam em uma área equivalente a 50 mil hectares.</p>