Redação (21/08/2008)- Se a tendência atual de queda de preços de commodities permanecer, o produtor pode, mais uma vez, ter caído na armadilha dos ciclos de mercado, que já deveriam ser bem conhecidos por produtores e agentes que com eles comercializam insumos em geral, com destaque para máquinas. O alerta é do coordenador científico do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o professor da Esalq/USP Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros, ao tomar em consideração os investimentos substanciais feitos pelos produtores. Pesquisadores do Cepea acompanham mensalmente variações de preços de insumos utilizados em pecuária de corte e de leite, soja, milho e algodão e seus impactos sobre a margem do produtor.
Na análise do professor Barros, ainda é cedo para concluir que a recente tendência veio para ficar. Para ele, seria surpreendente que os preços continuassem em queda, ou seja, que a tendência das ultimas semanas se mantivesse. Os fundamentos do mercado, ressalta, apontam para uma escassez relativa de commodities considerando a evolução da população e da renda mundial. “No período mais recente, aparentemente, os agentes passaram a acreditar numa retração nas economias desenvolvidas e emergentes em prevenção contra a inflação que vai se espalhando mundo afora. Sobre essa retração pairam dúvidas quanto a se ela virá realmente e se, em caso positivo, virá na intensidade necessária, que é grande e penosa.”
O movimento também recente de valorização do dólar – no Brasil e no mundo em geral – também contraria as expectativas. Na avaliação do coordenador científico do Cepea, os juros nos EUA continuam baixos comparados com os das demais economias importantes. Barros comenta que, embora os EUA venham gerenciando a crise, sabe-se que ela não foi superada e não vai desaparecer tão cedo. De qualquer forma, um aumento do dólar, por um lado, favorece o exportador (mais reais por dólar exportado), porém poderá contribuir para uma queda das commodities no mercado internacional (menor preço em dólar). Assim, o balanço final não é claro, pondera. “O mais provável é que um efeito compense o outro e o efeito líquido não seja grande.” As informações são da assessoria de imprensa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – Cepea.