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Sem crédito, plantio de soja no Brasil será de "última hora"

<p>A restrição de crédito por parte de tradings, que financiam sobretudo o plantio no Centro-Oeste, é apontada como um dos principais fatores para o "atraso".</p>

Redação (05/08/2008)- Diante das incertezas sobre o futuro da economia americana e dos efeitos nas commodities agrícolas, a safra brasileira mostra-se com uma única convicção: será "de última hora". O primeiro levantamento da Safras & Mercado sobre o ciclo 2008/09 no Brasil mostra que até sexta-feira passada foram comercializados antecipadamente 7% da colheita prevista de soja, percentual que em 1º de agosto de 2007 era de 21% e, na média dos últimos 5 anos, 10%.

A restrição de crédito por parte de tradings, que financiam sobretudo o plantio no Centro-Oeste, é apontada como um dos principais fatores para o "atraso" na negociação. Estimativa da Agroconsult prevê que as tradings vão oferecer 28,5% menos crédito nesta safra de soja que, por conta da alta nos custos de produção, precisará de 39% mais dinheiro para realizar a mesma área do ciclo anterior. "As tradings estão sendo afetadas pela menor disponibilidade de crédito internacional", afirma Flávio França Júnior, da Safras & Mercado.

Em 40 dias começa o plantio em alguns estados e ainda não se sabe quanto dos insumos necessários já foram adquiridos, segundo Marcelo Duarte, diretor-executivo da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja), estado que responde por cerca de 30% da oferta da oleaginosa no Brasil. "O dinheiro está escasso. Acreditamos que na última hora o produtor vai comprar um pouco de adubo com a renda do milho safrinha e plantar a mesma área com menor uso de tecnologia", acrescenta Duarte.

O levantamento da Safras & Mercado mostra que até 1º de agosto Mato Grosso tinha comercializado antecipadamente 18% da safra de soja 2008/09, ante os 37% do mesmo período de 2007. Em Goiás, o recuo foi de 20% para 6% e, em Mato Grosso do Sul, de 15% para 4%. Somente Mato Grosso demandou na safra passada 2,7 milhões de toneladas de adubo, segundo a Aprosoja. O volume é mais do que tudo o que foi vendido no Brasil no primeiro semestre deste ano para a safra de verão. De acordo com a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) dos 11,5 milhões de toneladas comercializadas de fertilizantes, 2 milhões foram antecipações para soja e milho. "As trocas de soja verde por insumos estão baixas porque a volatilidade de preços está muito alta dos dois lados. O produtor da safra de verão comprou adubo antecipado com o que sobrou de dinheiro com venda de grãos no começo do ano, já com receio da maior alta no preço do fertilizante", avalia Eduardo Daher, diretor-executivo da Anda.

Apesar do cenário de crédito escasso e queda nos preços da soja no mercado internacional, a consultoria Céleres apurou que o plantio do grão no Brasil será 5,2% maior, de 22,395 milhões de hectares. "Nos surpreendemos no Paraná, com produtor trocando milho por soja. Além disso, mesmo com os preços em queda, aos níveis de 13,29 centavos de dólar por bushel, o produtor de Sorriso (MT) tem rentabilidade líquida de 10%. Se a produtividade for de 55 sacas por hectare. Se o grão continuar dando margem, na última hora o produtor tira leite de pedra e planta", acredita Anderson Galvão, da Céleres.