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Tombo da soja trava Brasil; atenção se volta aos EUA

<p>Segundo consultoria, nas praças do Centro-Oeste, o mês de julho vem se consolidando como o de maior lentidão de negócios, em que pese reste somente 10% da produção de 2007/08 para ser comercializada.</p>

Redação (25/07/2008)- Os futuros da soja negociados na bolsa de Chicago despencaram cerca de 15% no acumulado de julho, com a queda se acentuando nesta semana por uma liquidação geral de posições compradas em commodities, o que tem travado negócios no físico no Brasil, disseram fontes do mercado nesta quarta-feira.

O movimento especulativo nos futuros, disparado pelo mercado de petróleo em Nova York, que já caiu cerca de 10% no mês, também afetou o milho de Chicago, que registrou desvalorização de aproximadamente 20% no mesmo período.

"É uma queda para assustar, o tom virou baixista. Com essa atuação dos fundos em várias commodities, o pessoal está limpando posições", disse Steve Cachia, da corretora Cerealpar, no Paraná.

"O pessoal está saindo e cria uma bola de neve", acrescentou ele, lembrando que há espaço para cair mais na soja, o principal produto de exportação do agronegócio do Brasil, se não houver nenhum fato novo relacionado à safra dos Estados Unidos, os maiores produtores e exportadores mundiais da oleaginosa.

Segundo ele, o mesmo movimento especulativo que levou os preços futuros para valores "exagerados" pressionou o mercado para baixo "exageradamente" agora, travando as negociações no físico no país.

"A movimentação de negócios no mercado doméstico brasileiro continua muito travada devido à falta de referencial de preços decorrente das fortes oscilações em Chicago", concordou um relatório da consultoria AgraFNP.

Segundo a consultoria, nas praças do Centro-Oeste, o mês de julho vem se consolidando como o de maior lentidão de negócios, em que pese reste somente 10% da produção de 2007/08 para ser comercializada.

Realidade

Já a corretora Andréa Cordeiro, da Labhoro, também no Paraná, que acabou de voltar de uma viagem aos Estados Unidos para verificar as condições das lavouras e do mercado americano, afirmou que o recuo deste mês trouxe a cotação da soja de volta à realidade.

"Acho que a gente precisava dessa janela. O mercado estava muito descolado da realidade, justamente pela participação dos fundos", disse ela.

Para a corretora, depois dessas perdas acumuladas no mês, as quedas começam a ficar mais limitadas, principalmente porque "grandes Estados produtores americanos estão com soja muito exposta a intempéries climáticas", depois do atraso causado pelas intensas chuvas na época de plantio, em junho.

"Pelo que vi lá, as lavouras ao sul do cinturão produtor já estão sofrendo por falta de chuva e com temperaturas elevadas", disse ela, observando que, com o atraso na semeadura, as plantações também ficam mais suscetíveis a geadas precoces em outubro, especialmente em Iowa.

Dessa forma, prevê que muita coisa pode acontecer no mercado de soja, e também no de milho, durante o mês de agosto.