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Preço de exportação fica 35% maior em junho

<p>No primeiro semestre, os preços de exportação do Brasil acumularam alta de 25,3% em relação a igual período de 2007.</p>

Redação (24/07/2008)- Graças a inflação das commodities no mercado mundial, os preços de exportação dos produtos brasileiros atingiram o maior patamar desde janeiro de 1978, quando esse indicador começou a ser calculado. Em junho, os preços de exportação ficaram 34,8% superiores àqueles praticados em igual mês de 2007, conforme a Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex).

No primeiro semestre, os preços de exportação do Brasil acumularam alta de 25,3% em relação a igual período de 2007, e no período de 12 meses até junho alcançou 18,5%. Todas as variações são recordes históricos. Os dados serão divulgados no boletim da Funcex, que será publicado na próxima semana.

É esse efeito de explosão dos preços das commodities que garante um bom resultado para a balança comercial, pois o volume exportado estagnou. Em 12 meses até junho, a quantidade embarcada subiu apenas 0,3%. Por conta da greve dos fiscais da Receita Federal, do atraso no embarque da safra agrícola e de problemas com a exportação de petróleo, o volume chegou a cair 1,6% no primeiro semestre. Em junho, a situação se normalizou e houve uma recuperação, com alta de 5,2% nos embarques físicos em relação a junho de 2007.

Francisco Pessoa, economista da LCA Consultores, enumera uma série de impactos positivos da alta das commodities para a balança comercial brasileira: aumento da receita obtida com produtos agrícolas, vendas significativas de petróleo (produto que ganhou destaque na pauta de exportação), o reajuste do minério de ferro, e até o impacto indireto para os manufaturados.

"A explicação está nas commodities", disse Fernanda Feil, da Rosenberg & Associados. Ela calcula que os produtos básicos afetam o desempenho de 65% das exportações . Também vale destacar o reajuste de 70% para o minério de ferro obtido pela Vale com as siderúrgicas. Os economistas do departamento econômico do Bradesco alertam que esse impacto só apareceu na balança em junho, por conta do embarque de contratos antigos.

Os produtos básicos lideram a alta de preços das exportações brasileiras. Em junho, chegaram a subir 58% em relação a junho de 2007. No primeiro semestre em relação a igual período do ano passado, o aumento alcançou 40%. No mês passado, o preço da soja exportada subiu quase 60%, da carne bovina, 57% e do minério de ferro, 63%. A quantidade embarcada de commodities só se recuperou em junho. No mês passado, os embarques de produtos básicos saltaram 20%, depois de crescerem apenas 0,9% no acumulado do semestre.

Mesmo nos produtos manufaturados, cujo mercado é menos instável, as empresas brasileiras obtiveram excelentes reajustes de preços. Os preços dos produtos industrializados subiram 20,4% em junho em relação a igual mês do ano anterior, e 16,6% no primeiro semestre. Em compensação, o volume de exportação de manufaturados está bastante prejudicado. Esse indicador recuou 1,8% em junho comparado com junho de 2007 e 3,9% no primeiro semestre.

Para os os economistas do Bradesco, a queda na quantidade exportada de manufaturados é resultado da valorização cambial, mas, principalmente, do desvio de exportação para atender à robusta demanda interna. "A inflação mundial ajuda a explicar porque o real forte não foi tão nocivo para a indústria brasileira", disse Pessoa, da LCA.

Apesar de divergirem sobre a magnitude, os economistas ouvidos pelo Valor esperam perda de fôlego dos preços de exportação do Brasil no segundo semestre. "Existe hoje uma grande bolha no mercado de commodities", disse Fábio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores. Ele avalia que os preços das commodities devem sofrer uma contração nos último trimestre do ano. O economista aposta que o Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, deve começar a subir os juros em breve para controlar a inflação, o que funcionaria como um incentivo para os especuladores deixarem as commodities e voltarem para os títulos do Tesouro americano.