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Resultado do agronegócio é mantido por commodities em alta

<p>Competitividade e aumento de produção fazem com que o agronegócio brasileiro assegure participação crescente no mercado mundial.</p>

Redação (10/07/2008)- Safras recordes e o aumento dos preços de commodities no mercado internacional já fizeram com que as vendas externas do segmento superassem o incremento geral da balança comercial, no primeiro semestre. Balança que, desde o ano passado, registra desaceleração dos resultados pelo reflexo do dólar mais baixo.

Competitividade e aumento de produção fazem com que o agronegócio brasileiro assegure participação crescente no mercado mundial, carente de oferta ainda maior, dadas as pressões de consumo, responsáveis por boa parte da aceleração dos preços que desestabilizou a inflação mundial.

Mas, isso não significa retorno financeiro para o setor na mesma proporção. A inflação também afeta este segmento, assim como o dólar mais baixo, comprometendo o resultado esperado.

Claro que o retorno financeiro aumentou muito, a ponto de estimular a ampliação da área plantada. O Brasil trabalha com a expectativa de nova safra recorde em 2008. Porém, os resultados seriam ainda mais animadores não fossem os problemas citados que podem contribuir, inclusive, para novos avanços dos preços.

O petróleo tem sido um dos principais problemas na medida em que já levou ao reajuste dos preços do diesel e, conseqüentemente, do frete. Por outro lado, o petróleo em alta já tem provocado elevação contínua dos custos dos insumos e fertilizantes. E o dólar mais baixo reduz a margem de ganho do produto exportado. Não fosse o aumento dos preços das commodities no mercado internacional, o setor, certamente, estaria reclamando muito das atuais condições.

Mas, uma coisa tem compensado a outra. Preços mais caros compensam as perdas decorrentes de custos mais elevados e do câmbio. E diante da perspectiva de consumo ainda em alta no exterior, sustentando o novo patamar de preços, as previsões para o agronegócio seguem muito positivas. E podem ser reforçadas pela preocupação demonstrada pelos países ricos quanto à necessidade de reduzir barreiras que impedem uma oferta ainda maior de alimentos no mercado mundial.

A disparada de preços é foco das preocupações mundiais, não apenas pelo impacto que terá sobre a inflação e o ritmo de crescimento da economia mundial, mas também para o abastecimento dos países mais pobres.

O Banco Mundial cobra ações do G8 (grupo dos sete países mais ricos do mundo mais a Rússia) para evitar um desastre, provocado pela crise dos alimentos, que pode levar mais de 100 milhões de pessoas à fome, nas estimativas da instituição.

A questão é que entre o discurso e a prática há uma boa distância. Demonstrar preocupação faz parte de um posicionamento politicamente correto por parte dos dirigentes dos países mais ricos, diante de uma situação emergencial, onde muitos países já encontram sérias dificuldades para garantir alimentação básica à população.

Mas, daí a se imaginar uma queda efetiva de barreiras protecionistas e cortes de subsídios vai uma boa distância. A rodada de Doha está aí, à espera de uma postura mais aberta por parte dos que comandam o jogo, que viabilize o cumprimento do objetivo fundamental dessas negociações, que é facilitar o incremento da participação das economias em desenvolvimento no comércio internacional, inclusive com a ampliação das vendas de alimentos e de produtos agropecuários.