Redação (13/12/2007)- A unidade de milho e sorgo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) está negociando com as multinacionais, que pesquisam e produzem alimentos geneticamente modificados no Brasil, uma parceria para a produção de milho TRANSGÊNICO. Após as três liberações comerciais feitas pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) este ano para as variedades transgênicas das sementes da Bayer, Monsanto e Syngenta, a Embrapa deve desenvolver sua própria cultivar, ainda mais avançada, podendo cobrar royalties.
"Nós já queremos desenvolver a segunda geração de milho transgênico, queremos colocar no milho tropical a resistência a insetos e glifosato", afirma o pesquisador da Embrapa e vice-presidente da CTNBio, Edílson Paiva.
Na possível parceria com as multinacionais, a Embrapa deverá pagar uma taxa pelo uso da tecnologia dessas empresas, mas será a detentora da patente, determinando o preço e o comprador. Paiva admite que a Embrapa esteja tendo certa dificuldade na busca por parceiros.
"Quando a Monsanto buscou a nossa parceria anos atrás a Embrapa era uma marca importante; agora, com as liberações da CTNBio, as empresas estão buscando desenvolver suas tecnologias sozinhas", avalia. Ele acredita na tendência das multinacionais de passarem a terceirizar os eventos.
Enquanto a parceria para o milho modificado não se consolida, a soja transgênica, desenvolvida juntamente com a Basf, já tem data para o início da sua comercialização, conforme adiantou o DCI. O produto será vendido aos produtores de semente em 2010 e aos de grão, a partir de 2011.
O processo de aplicação da tecnologia até a chegada ao mercado terá duração de 14 anos e um custo de US$ 8 milhões, recurso proveniente das duas empresas. A patente do produto será da Embrapa e foi concedida no mundo todo até 2017. Segundo o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Elíbio Rech, a Monsanto domina o mercado norte-americano de soja transgênica, mas o grão desenvolvido pela Embrapa pode gerar um equilíbrio desse mercado.
A Embrapa também está desenvolvendo um feijão resistente ao vírus do mosaico dourado, sem previsão de chegar ao mercado. O vírus, que ataca o cultivo nas primeiras semanas, pode gerar perda de 90% da lavoura. "Estamos com dificuldade de agilizar o processo do ponto de vista legal, queremos fazer tudo com recursos próprios, e talvez seja necessário buscar parceiros que possam investir."