Redação (23/11/2007)- O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse ontem ser contrário a qualquer medida que possa diminuir a renda dos produtores rurais. Ele comentava a proposta da Argentina de adoção de uma taxa na exportação de produtos agrícolas do Mercosul. ""Não há nenhum interesse nesse tipo de prática"", disse o ministro em entrevista exclusiva à Agência Estado.
A proposta da Argentina, que já adota o sistema de taxação das exportações de grãos, será apresentada aos demais membros do Mercosul nos dias 17 e 18 de dezembro, em Montevidéu, quando acontece a reunião da cúpula do bloco.
Stephanes disse que o governo brasileiro não está discutindo o assunto, mas admitiu que o Ministério da Fazenda monitora a evolução das importações de trigo e de farinha da Argentina.
O governo argentino decidiu taxar a exportação de trigo em grão e aplicar imposto menor para a farinha de trigo, o que estimula a moagem nos moinhos argentinos. Essa política, disse Stephanes, poderá criar um desequilíbrio na capacidade brasileira de produção de farinha. ""Do consumo de farinha, só 6% é importado da Argentina. Isso ainda não é uma questão suficiente para preocupação, embora deva ser monitorado"", afirmou.
O ministro disse que a adoção de uma política transitória de tributação seria aceitável, em tese, se alguma atividade agrícola fosse altamente rentável e em determinados momentos, por razões conjunturais, viesse a apresentar uma lucratividade muito grande ou que, por outro lado, viesse a trazer o desabastecimento interno. ""Mesmo nessa hipótese, eu não seria muito favorável. Eu sou a favor de que o produtor tenha condições de auferir um pouco mais de resultados, que ele o tenha, até para que ele se capitalize em função de momentos difíceis"", afirmou.
Segundo Stephanes, o Brasil adotou há cerca de 30 anos mecanismos para limitar as exportações de soja. A política foi adotada porque o preço da soja estava numa condição muito elevada no mercado internacional, o que acabava inflacionado o preço interno. Na época, disse ele, o governo estabeleceu cotas de exportação a preços internacionais compensadas por preços nacionais mais baixos.