Redação (07/11/2007)- O fim do embargo russo aos embarques de cargas soltas (break bulk) congeladas pelo Terminal Ponta do Félix, no Porto de Antonina, trouxe novas perspectivas à empresa, aos seus colaboradores diretos e aos trabalhadores portuários que atuam no terminal. Dois navios já foram carregados com congelados após o fim do embargo, que terminou na última semana de outubro.
Com o veto às exportações devido à suspeita de febre aftosa no Paraná, o movimento normal de congelados, que chegava a 30 mil toneladas por mês, foi praticamente zero. De janeiro a outubro deste ano foram movimentadas pela Ponta do Félix 68.618 toneladas de congelados contra 98.834 toneladas exportadas no mesmo período do ano passado, quando foram embarcadas 129.782 toneladas do produto. "Ficamos seis meses parados e o prejuízo realmente foi grande. Felizmente, após a paralisação, tivemos a retomada dos embarques para a Rússia.
Este é um problema internacional e só pôde ser contornado com um trabalho que contou com o apoio do ministro da Agricultura Reinhold Stephanes", declarou o diretor do terminal, José Augusto Desordi. Segundo o diretor, o possível risco da transmissão da febre aftosa fez com que as autoridades russas vetassem o embarque de carne bovina paranaense e estendeu o embargo para carne suína e de aves. "Isso é um absurdo porque o vírus não está instalado no Paraná. Não processamos carnes, apenas as armazenamos e as embarcamos. Não há manipulação direta dos produtos e, além disso, recebemos as mercadorias de áreas livres da doença", revelou.
Os reflexos do embargo russo foram sentidos diretamente no cais, onde as mercadorias são movimentadas. O estivador Rodrigo de Souza contou que passou por momentos difíceis. "Antes da liberação (das exportações) nossa situação estava difícil. Passamos meses complicados devido à baixa movimentação. O terminal é um grande gerador de emprego e toda cidade sentiu esse impacto. Tivemos outras cargas para trabalhar, mas o forte era o congelado. A partir de agora, já estamos percebendo uma melhora e isso é muito importante porque dependemos do Porto", destacou Souza, que é estivador há 13 anos.
Alternativa
Durante seis meses sem operar cargas congeladas, a direção do terminal foi obrigada a adotar um novo modelo de gestão para evitar que o impacto financeiro causado pelo embargo prejudicasse ainda mais a economia da cidade. Um dispositivo na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) que prevê o afastamento temporário por no máximo cinco meses evitou demissões em massa.
Outra alternativa foi incentivar operações com cagas que eram movimentadas em menores volumes como os fertilizantes, produtos siderúrgicos, papel e madeira. No período de afastamento, os funcionários receberam uma bolsa-auxílio paga com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e passaram por uma série de cursos enquanto aguardavam a retomada das atividades no cais. "Evitamos uma crise para a comunidade porque 60 colaboradores diretos foram atingidos. Mesmo com um movimento abaixo da metade, mantivemos nossos funcionários. Felizmente, encontramos essa solução que atenuou nosso prejuízo significativamente. A retomada do embarque de congelados para a Rússia voltou a motivar todos os nossos colaboradores e a cidade de um modo geral", disse o diretor administrativo-financeiro da Ponta do Felix, Edson Tadeu Cavaglio.