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Atentos à Newcastle

<p>O especialista em doenças aviárias, Alberto Back, ressalta que a avicultura brasileira deve ficar atenta à Doença de Newcastle, que, para o setor, preocupa tanto ou mais do que a própria Influenza Aviária. Veja a entrevista.</p>

Redação AI (29/10/2007) – A avicultura brasileira deve ficar atenta à Doença de Newcastle (DN). O País dispõe de regiões onde nem se vacina mais contra esta enfermidade, o que a torna mais exposta. Porém, o vírus eventualmente pode ser isolado de aves silvestres ou migratórias. O médico veterinário Alberto Back, diretor do Mercolab e único brasileiro a integrar o comitê OFFLU (FAO/OIE), rede de especialistas sobre Influenza Aviária (IA), aponta que a DN preocupa tanto ou mais do que a própria IA para o setor avícola brasileiro. Veja em entrevista concedida com exclusividade pelo especialista.

Avicultura Industrial – Por que o sr. considera a Doença de Newcastle (DN) mais preocupante do que a Influenza Aviária (IA) para a avicultura brasileira?
Alberto Back
– A IA pode ser altamente letal para as aves e traria um caos para a economia avícola brasileira se ocorresse no Brasil, mas temos que lembrar que ela nunca esteve aqui e é pequena a possibilidade de vir a existir. Agora, o vírus da DN já ocorreu no território brasileiro e pode ser ocasionalmente isolado em aves migratórias e silvestres, o que representa um risco que consideramos maior do que o da IA. Temos que trabalhar para evitar que ele passe deste reservatório para as aves comerciais. Portanto, DN é uma enfermidade que ainda preocupa a avicultura brasileira.

AI – Aves de fundo de quintal. Há como resolver o problema delas representarem um risco à avicultura industrial, principalmente com relação à DN?
Back
– Houve muita reflexão sobre isto. Até se pensou em eliminar estas aves, mas é impossível, inclusive porque está atrelada a própria cultura do brasileiro ter este tipo de criação. A grande estratégia é isolar a produção comercial. As granjas devem ter sistemas de biosseguridade de modo a limitar e evitar o contato até com aves silvestres. Outra medida é o monitoramento constante tanto das aves silvestres e migratórias quanto das de fundo de quintal.

AI – Mas o Brasil já tem o programa de Regionalização, que também visa o controle e prevenção da DN. Qual sua opinião sobre ele?
Back – O programa é bom. Acho que é uma interação necessária entre o governo e indústria. O único problema é a velocidade de implantação dele, está aquém da velocidade que a avicultura anda ou que gostaríamos de ver. Isto preocupa um pouco. Não são todos os Estados que aderiram. Seria necessário um rearranjo de infra-estrutura de defesa em alguns Estados e isto exige investimentos que não estão disponíveis. Nem todos os Estados tem PNSA implantados que é necessário para uma regionalização eficiente e ativa. Os investimentos nesta área por parte da indústria não tem sido suficientes  e também o governo tem limitações.

AI – Erradicar o vírus da DN seria difícil?
Back
– Do plantel comercial, o vírus da DN está erradicado. O complicado é erradicar o vírus de aves silvestres, migratórias ou mesmo em aves de fundo de quintal. Eu acredito que seja possível administrar isto com monitoramento, mas a erradicação é um processo complicado no caso destas aves. Nas décadas de 1970 e 80 tínhamos Newcastle distribuída no plantel comercial. Com implementação de cuidados de biosseguridade e vacina, controlamos a doença ao ponto de hoje termos áreas livres por mais de 15 anos, onde nem vacina se utiliza. Então é possível o controle desta enfermidade sem investimentos maciços. Com cuidados de biosseguridade e monitoramento, reduz-se em muito a possibilidade de termos o problema na avicultura comercial.