Redação (06/09/07) – De acordo com levantamento da Climatempo, algumas regiões do Paraná tiveram em agosto déficit de chuvas de 50 mm. Também choveu abaixo da média em Santa Catarina e no noroeste do Rio Grande do Sul.
"A previsão é que volte a chover na segunda quinzena de setembro em toda a região Sul. Apenas o sul do Paraná pode ter falta de chuva", afirma André Madeira, meteorologista da Climatempo. Para o Centro-Oeste, onde regiões de Goiás e Mato Grosso estão sem chuvas desde abril, Madeira prevê melhora do índice pluviométrico também na segunda quinzena do mês.
No Centro-Oeste, a falta de chuvas preocupa sobretudo produtores de soja, primeira cultura a ser semeada, entre setembro e outubro. "As chuvas na segunda metade do mês serão decisivas para iniciar o plantio", afirma Argino Bedin, produtor em Sorriso (MT), que prevê repetir a área cultivada na safra 2006/07 de soja, de 9,6 mil hectares, desde que as chuvas permitam o plantio a partir do fim do mês. A Federação de Agricultura do Estado de Mato Grosso (Famato) prevê manutenção da área plantada com soja no ciclo 2007/08 em 6 milhões de hectares.
Em Goiás, a situação é mais grave, segundo Mauricio Miguel, gerente de agronomia da Cooperativa Mista dos Produtores Rurais do Sudoeste de Goiás (Comigo). "Não chove desde abril e a previsão é de que só vai chover forte em outubro." Se for assim, diz, a situação dos sojicultores complica, a soja plantada mais tarde tem mais risco de perdas com a ferrugem. Ele observa, no entanto, que os produtores da região estão animados com os preços internacionais. Os cooperados da Comigo prevêem plantar entre 1 milhão e 1,1 milhão de hectares na safra 2007/08, ante 1 milhão no ciclo passado.
No Paraná, segundo Marcelo Brauer, meteorologista do Instituto Tecnológico Simepar, a média de chuvas está melhor neste ano que em 2007, mas o La Nia preocupa porque as chuvas podem ficar concentradas em poucos eventos. Para o agrometeorologista Paulo Caramori, do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), o agricultor não tem motivo para ficar apreensivo, mas a preocupação pode surgir a partir da próxima semana e se intensificar até o final do mês caso não chova. "Em alguns lugares do Paraná produtores já estariam plantando feijão e milho, mas não há umidade suficiente", afirma. Pastagens, café e hortaliças também sofrem. "Se a falta de chuva se prolongar muito, pode atrasar o plantio, mas por enquanto é cedo pra falar que o clima pode afetar a safra de verão", afirma.
Em Minas Gerais, a falta de chuva coloca em risco a próxima safra de café. Segundo Joaquim Goulart, gerente do departamento técnico da Cooperativa de Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé), a região Sul do Estado está com déficit hídrico desde julho, o que atrapalha a floração e o desenvolvimento dos cafezais que entrarão em colheita no próximo ano. E não há previsão de chuvas até o dia 15, diz. A falta de chuvas também preocupa cafeicultores da Bahia e de São Paulo.
Em São Paulo, o clima seco não trouxe efeitos para os produtores de gado bovino, observa Leonardo Alencar, analista da Scot Consultoria. Para o setor canavieiro, a falta de chuvas ajudou a acelerar a colheita, que atrasou um mês devido a chuvas excessivas em maio, de acordo com Antônio de Pádua Rodrigues, da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).