Redação (13/08/07) – O ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda José Roberto Mendonça de Barros traçou semana passada em Dourados um cenário positivo para o agronegócio brasileiro nos próximos anos, com o avanço das exportações, diante de problemas enfrentados por outros países, grandes fornecedores de commodities agropecuárias.
Na sua palestra para cerca de 200 produtores rurais, estudantes e dirigentes de instituições ligadas ao agronegócio, durante o ShowAgri, Mendonça de Barros enfatizou o papel da cana dentro do atual quadro energético, destacando que "a demanda pela agroenergia veio para ficar".
Ao falar sobre o panorama global, esse economista citou que a Ásia vem puxando as compras de grãos, principalmente a China – ao lado da Índia e da Rússia. Tradicionais fornecedores, como os Estados Unidos, começam a enfrentar dificuldades para manter os atuais níveis de exportação, por causa do aumento do uso do milho para produzir álcool.
"Portanto, o preço das commodities vai se manter em níveis elevados o que vai nos beneficiar", caso da soja, milho e carnes em geral. "A vantagem comprovada é que o Brasil pode manter a produção de bioenergia e de alimentos sem nenhum problema", frisou Mendonça de Barros, em entrevista ao Correio do Estado. Disse que o país possui 200 milhões de hectares para pastagens e cultiva outras 60 milhões com grãos e fibras.
"O cenário é muito positivo", destacou, porque o país passa pela economia estabilizada, com a inflação baixa, reservas ao redor de US$ 150 bilhões e balança comercial positivo e crescendo. "Quanto ao dólar, reclamado pelo agronegócio, não há muito o que esperar. Pelas nossas projeções deve ficar ao redor de dois reais em 2008. A taxa de juros Selic cairá para 10% ano".
Mendonça de Barros defendeu o álcool como matriz energética porque os plantios podem crescer sem avançar sobre as áreas de produção de alimentos, pois "podemos ter grãos ao lado da cana, que garante uma renda mais assegurada e é difícil o clima atrapalhar". Observou que "desde 1979 o Brasil resolveu, com o Proálcool, o seu problema energético, sem entrar nas terras que produz alimentos".
Frisou que o álcool da cana tem muitas vantagens, em relação aos outros competidores, por vir de uma cultura renovável, tem competitividade sem subsídios do Governo. Ele aconselhou o produtor rural " a ser cada vez mais eficiente. A diversificação agropecuária deve ser feita pelos produtores aqui da região também e a cana é uma alternativa".