Redação (12/07/07) – A avaliação é do coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros.
Entretanto, ele considerou que, ao se comparar os preços do atacado com os do varejo, a inflação nesse primeiro setor contribuiu muito mais do que o segundo para o resultado maior do indicador. "Não podemos nos esquecer que o atacado pesa o dobro do varejo, na formação do IGP-DI. Embora a aceleração do O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), de 0,25% para 0,42%, tenha sido mais intensa do que a do O Índice de Preços por Atacado (IPA), de -0,04% para 0,09%, esse último pesa mais no cálculo do índice", afirmou. "O IPA teve mais impacto na aceleração (do IGP-DI)", disse.
No caso do setor atacadista, o economista destacou dois segmentos específicos, dentro da área de alimentação: o de alimentos processados e o de matérias-primas brutas comercializáveis. Os dois registraram altas expressivas de preços, respectivamente de 0,92% e de 2,36% em junho – sendo que, em maio, as quedas respectivas de preços nesses segmentos eram de 0,37% e de 0,05%.
Para Quadros, o mais relevante, a longo prazo, é a movimentação de preços nos alimentos processados. Isso porque esse segmento tem como uma das características sinalizar futuras altas e acelerações de preços nos alimentos do varejo. "Os aumentos nos alimentos processados se transformam rapidamente em acelerações para o consumidor", afirmou. Já no caso dos itens comercializáveis, o economista lembrou que esse segmento representa basicamente as commodities. Entre os destaques, estão as acelerações de preços em soja em grão (de 0,37% para 2,44%) e bovinos (de -1,48% para 1,71%).
Quadros comentou que a inflação dos alimentos, atualmente, está sendo influenciada pelo período de começo de entressafra de vários produtos importantes. Além de diminuir a oferta no mercado interno, o setor de alimentação também tem que lidar com a flutuação de preços do mercado internacional – que também acaba afetando o mercado interno. "A inflação dos alimentos tem muito a ver com o comportamento externo; e também tem a ver com aumento de custos, com aumento de matéria-prima, que é claro, acaba sendo repassado (para os preços dos produtos)", disse.
Ainda de acordo com o economista, a movimentação de alta nos preços dos alimentos no varejo é reflexo do repasse, para o consumidor, dessa atual onda de elevação de preços dos produtos agropecuários no setor atacadista.