Redação (05/07/07) – Agora, além de unidades de abate de suínos e aves, a empresa vai erguer também uma fábrica para processamento de carne suína e de frango, segundo o diretor-presidente Gilberto Tomazoni.
A decisão de investir também no processamento decorre da perspectiva de continuidade do crescimento de demanda no mercado interno. "Nos últimos anos, crescemos 12% a 15% por ano em industrializados", afirmou o executivo, que ontem acompanhou o governador Blairo Maggi em visita à área onde o complexo está sendo construído – e que já tem armazém de cereais e granjas de aves e suínos em funcionamento.
Outra vantagem de ter um planta processadora em Lucas é que a matéria-prima não precisa ser transportada para outras unidades da Sadia para industrialização, como acrescentou Tomazoni.
Com a alteração nos planos, a empresa deve investir R$ 800 milhões apenas no complexo de Lucas. Inicialmente, quando os planos para o Mato Grosso foram anunciados, em meados de 2005, a previsão da companhia era aplicar esse montante em Lucas do Rio Verde e também em Campo Verde, no norte do Estado, onde a empresa já tem granja de aves e fábrica de ração. Os recursos a serem investidos em Campo Verde ainda não estão definidos, segundo Tomazoni. Na cidade, a Sadia planeja implantar abatedouro de aves.
Tomazoni admite que a gripe aviaria em 2006 fez a empresa desacelerar o projeto de Campo Verde. Além disso, a dimensão dos projetos levou a empresa a decidir implantá-los de forma gradual. "Um investimento desse tamanho demanda recursos humanos". Esses recursos humanos são necessários, afirmou, para colocar em prática projetos da Sadia envolvendo sustentabilidade na produção. Ele citou como exemplo o Lucas Legal, do qual a empresa é parceira da prefeitura, da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e da The Nature Conservancy. Dentro desse projeto, todo o integrado da empresa deve atender requisitos envolvendo regularização fundiária, reserva legal e legislação trabalhista.
Assim, acrescentou Tomazoni, a construção da unidade em Campo Verde só deve ocorrer depois que Lucas estiver finalizada. Em Lucas, o abatedouro de aves terá capacidade total de 500 mil cabeças diárias e o de suínos, de 5 mil animais. As fábricas começarão a operar em meados do ano que vem. "Industrializados vai demorar um pouco mais, mas será em 2008", garantiu.
A maior parte da produção de aves e suínos (60%) de Lucas deve ser destinada à exportação, e o complexo deve empregar cerca de 3.500 pessoas, além de 210 produtores integrados. Para o governador Maggi, o projeto da Sadia deve mudar o perfil econômico da região de Lucas e do Estado.
"Com a Sadia aqui, a Perdigão aqui do lado [Nova Mutum], outros players desse mercado também estão olhando Mato Grosso. Se nós temos uma desvantagem logística para tirar grãos, essa dificuldade se transforma em ponto positivo quando você transforma isso em proteínas animais, que tem maior valor agregado, e o preço do frete não impacta tanto no resultado".
Outro efeito da chegada da Sadia a Lucas é a atração de outras empresas, reiterou o governador. A própria Amaggi, propriedade da família do governador, constrói uma esmagadora de 3 mil toneladas de soja por dia ao lado da Sadia, atraída pelo investimento. Há planos para colocação de uma esteira entre as duas empresas pela qual será possível transportar farelo de soja da Amaggi diretamente para fábrica de ração da Sadia. Também próximo à Sadia está a Fiagril, usina de biodiesel de propriedade do prefeito de Lucas, Marino Franz. A usina poderá, no futuro, receber óleo da Amaggi e gorduras animais da Sadia como matéria-prima para a produção de biodiesel.