Redação AI (27/04/07) – Durante esses quatro dias, técnicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), das Secretarias Estaduais de Agricultura e Saúde, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) vão coletar material de aves de fundo de quintal (subsistência), aplicar 211 questionários para a análise de risco da região e fazer 27 palestras de educação sanitária, nos municípios de Mostardas e Tavares.
A ação faz parte do “Plano de Monitoramento de Influenza Aviária em Aves Migratórias e Silvestres do Brasil”. Ele prevê a captura e o monitoramento das aves em 18 sítios de migração existentes no País, nas populações avícolas comerciais ou de subsistência, incluindo zoológicos e parques urbanos, localizados em um raio de 10 km ao redor dos sítios de aves.
A responsável pelo Plano Nacional de Sanidade Avícola do Mapa no Rio Grande do Sul, Ana Lúcia Stepan, disse que a ação objetiva aumentar a prevenção e a vigilância em relação à influenza aviária no País. As aves migratórias são transmissores em potencial da doença, o que justifica a campanha. “Por isso, precisamos sensibilizar as comunidades próximas ao sítio, consideradas áreas de risco e realizar o monitoramento das aves”.
O epidemiologista da Ufrgs Luís Gustavo Corbellini informou que os questionários serão respondidos pelos proprietários de aves de fundo de quintal. Por intermédio da pesquisa, os técnicos pretendem dimensionar o risco da introdução da influenza aviária no sítio da Lagoa do Peixe, por meio das aves migratórias. Além disso, eles querem avaliar a hipótese da possível propagação da doença para a avicultura comercial. A pesquisa abrangerá um universo de 448 proprietários, distribuídos em 22 localidades dos dois municípios.
Segundo a Coordenadora do Programa de Sanidade Avícola da Secretaria de Agricultura, Adriana Reckziegel, também serão realizadas palestras de educação sanitária para as lideranças e entidades de classe em 13 escolas do ensino fundamental, para agentes de saúde, recenseadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pescadores, proprietários de aves já cadastrados, produtores rurais e para a comunidade em geral, abrangendo cerca de 1.200 pessoas em Mostardas e Tavares.
SÍTIOS – Foram selecionados prioritariamente sete sítios de aves migratórias no País. No estado do Pará, os municípios de Vigia, São Caetano de Odivelas, Breves e São Sebastião da Boa Vista; em Santa Catarina, as cidades de Itajaí e Brusque; no Rio Grande do Norte, o município de Galinhos; em Pernambuco, a Ilha da Coroa do Avião, na cidade de Igarassu; no Maranhão, a Baía de São Maços, no município de São José Ribamar, no estado da Bahia, o sítio de Cacha Pregos, na Ilha de Itamaracá; e a Lagoa do Peixe, no RS.
A seleção dos sítios obedeceu aos seguintes critérios: concentração de aves migratórias e silvestres e a constatação em investigação anterior da presença do vírus de influenza aviária de baixa patogenicidade (não representam risco); alta densidade de aves aquáticas silvestres ou domésticas próxima à concentração humana, com a criação de aves comercial e de subsistência; áreas de concentração e ou reprodução de aves migratórias em regiões continentais ou com até 30 km da costa, sem informação epidemiológica associada à densidade humana e de criação de aves.
O monitoramento se realizará primeiramente nestes sete sítios, estendendo-se aos demais depois, com a coleta de amostras de “swab” (suabe) oral e cloacal, bem como sangue de todas as aves capturadas. Todo material coletado será acondicionado em tanques de nitrogênio e transportado para o Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro) de Campinas-SP, seguindo as normas internacionais de biossegurança. Os trabalhos no campo vão até junho, quando encerra o período migratório, e será retomado em setembro, com o retorno das aves do Hemisfério Norte.