Redação (19/04/07) – Pressionada pela desvalorização do dólar frente ao real e pelo impacto da gripe aviária sobre o consumo do produto nos países importadores, a empresa teve queda de 15,1% na receita bruta de 2006 em comparação com o exercício anterior, para R$ 1,426 bilhão, e de 59% no lucro líquido, para R$ 28,06 milhões.
O faturamento da companhia com exportações caiu 16,3%, para R$ 1,115 bilhão, enquanto as vendas no mercado interno recuaram 10,5%, para R$ 311,1 milhões, informou a empresa no balanço publicado ontem. Controlada pelo grupo francês Doux, a Doux Frangosul é uma sociedade anônima de capital fechado no Brasil, com unidades em Montenegro, Caxias do Sul e Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, e Caarapó, no Mato Grosso do Sul.
A queda no faturamento bruto e também na receita líquida (de R$ 1,609 bilhão para R$ 1,356 bilhão) foi maior do que a redução no volume de vendas físicas de carnes de aves e suínos, que encolheram 4,3%, para 497 mil toneladas. Com o impacto da desvalorização do dólar, a margem bruta recuou de 30,7% para 24,3%.
A empresa chegou a apurar resultado operacional negativo de R$ 4,27 milhões no ano passado, já incluídos R$ 24,5 milhões em juros sobre capital próprio pagos aos acionistas. Com a reversão deste valor e mais um "resultado não operacional líquido" de R$ 14,98 milhões, não especificado no balanço, foi possível chegar ao resultado líquido positivo.
Mesmo assim, 2006 foi o segundo ano consecutivo de retração no lucro líquido da Doux Frangosul, que, no relatório de administração, afirma estar buscando a "efetivação de contratos de longo prazo no mercado externo" e, ainda, a consolidação internacional de sua marca.
"No mercado interno, foram lançadas as bases de consolidação e ampliação, que deverão ser fortalecidas no decorrer de 2007", informa o documento. Os investimentos no ano passado somaram R$ 98,5 milhões, principalmente no desenvolvimento de produtos de maior valor agregado. Procurada pelo Valor, a empresa não comentou o resultado do ano passado.
A Doux Frangosul explica em seu balanço que o segundo semestre de 2006 voltou a apresentar os "bons e estáveis resultados" que vinham sendo alcançados até o fim do ano anterior. A margem lajida (lucro antes dos juros, impostos, depreciações e amortizações) foi de 13% no período julho-dezembro do ano passado, apenas um ponto a menos do que no mesmo intervalo de 2005. Já no acumulado de 2006, o lajida ficou em R$ 101,9 milhões, o equivalente a uma margem de apenas 7,5% sobre a receita líquida.