Redação (13/12/06) – A Perdigão, que captou R$ 800 milhões este ano em uma operação de aumento de capital, reservou entre US$ 50 milhões e US$ 100 milhões desse total para fazer uma aquisição na Europa ou Ásia na área de processamento de carnes, informou o vice-presidente de finanças da empresa, Wang Wei Chang, durante almoço ontem com jornalistas.
Secches informou que o restante dos recursos captados este ano será destinado à construção de uma unidade de abate de bovinos em Goiás, uma fábrica de lácteos no Nordeste e uma planta de margarinas em local ainda indefinido. A intenção inicial da Perdigão era adquirir um abatedouro de bovinos no país, mas a empresa mudou de idéia, ainda que isso signifique mais tempo para ampliar sua produção de carne bovina, hoje feita em planta arrendada do grupo Arantes, em Cachoeira Alta (GO).
“Com os problemas fiscais existentes, é difícil comprar [um abatedouro]”, afirmou Secches, referindo-se à situação fiscal de algumas empresas do setor de bovinos. A planta, que deve começar a ser construída ainda mo primeiro semestre de 2007, terá capacidade de abate de 1.800 animais/dia, e a carne será destinada à exportação.
A Perdigão também desenvolve projeto de uma nova fábrica para a Batávia, adquirida este ano. Quando comprou a Batávia da Parmalat, a Perdigão tinha interesse também na unidade da empresa em Garanhuns (PE), mas a planta acabou não entrando no negócio. Com isso, para ampliar a produção da Batávia, será construída planta de iogurtes e refrigerados em um Estado nordestino, explicou Secches.
Sobre o investimento no exterior, Wang disse que um banco de investimentos contratado pela companhia está identificando oportunidades na Ásia e na Europa. Se a opção recair sobre a Ásia, o processamento será de aves apenas. Na Europa, o fábrica poderia processar também carne bovina. “Queremos, com isso, ampliar a nossa venda de processados no exterior”, afirmou Chang. Segundo ele, a idéia de ter uma fábrica numa dessas regiões é motivada pela necessidade de desenvolver produtos mais adequados a esses mercados e também construir um relacionamento direto com o varejo de alimentos local. “Se fôssemos desenvolver os produtos a partir do Brasil, levaria muito mais tempo”, ponderou o executivo. Uma vez estabelecida numa dessas regiões e tendo desenvolvido produtos adequados, a Perdigão poderá passar a produzir no Brasil mesmo esses novos produtos e exportá-los.
De acordo com Secches, 2007 deve ser positivo para as exportações depois de um ano “desastroso” por causa do impacto da gripe aviária. Além da perspectiva de um menor efeito da doença, a empresa também deve exportar mais em 2007 com a inauguração da unidade de Mineiros (GO) e o aumento da capacidade de abate de frangos em Nova Mutum (MT). Nessas operações, na duplicação de abate de suínos em Rio Verde (GO), numa nova fábrica de pizzas no mesmo complexo e em centros de distribuição, a Perdigão vai aplicar R$ 460 milhões, valor além dos R$ 800 milhões captados no mercado.
Por conta do câmbio, as exportações perderam peso no faturamento da Perdigão e devem responder por 47% dos R$ 6,1 bilhões previstos. Para o ano que vem, a estimativa é de avanço de 10% nas receitas, de acordo com Secches.