Redação (13/12/06) – “O produtor só poderá pagar as dívidas se tiver lucro. E ainda que a safra corra dentro das expectativas, a renda líquida não será suficiente para pagar as dívidas”, afirmou Antônio Ernesto de Salvo, presidente da CNA, ao Valor.
De acordo com a entidade, a margem de rentabilidade das lavouras tende a melhorar, com a subida nos preços internacionais de grãos acima da média histórica, ficando entre 1,5% e 3,5%. Ainda assim, a taxa será insuficiente para cobrir a dívida do setor, estimada atualmente em R$ 20 bilhões.
O Banco do Brasil – principal operador do crédito rural – repactuou dívidas num total de R$ 6 bilhões. Conforme a CNA, a melhora na renda, se confirmada a safra de 120,2 milhões de toneladas de grãos, será suficiente para pagar o custeio da safra em curso e a parcela das dívidas que foram alongadas em 2006. O valor bruto da produção (VBP) para cereais, fibras e oleaginosas para 2007 é projetado em R$ 50,3 bilhões, ante R$ 46,26 bilhões estimados para este ano.
“A soja, que é uma fronteira nova e tem o maior nível de endividamento, continuará tendo o problema mais agudo de renda”, disse De Salvo. Ele observou que os problemas logísticos para levar a soja do Centro-Oeste aos portos seguirá onerando o segmento. A CNA estima que será necessário um investimento de R$ 16 bilhões em transportes nos próximos dez anos para resolver problemas logísticos.
Na área de exportações, a entidade estima que o setor sucroalcooleiro ultrapassará o complexo soja em receita com embarques, equiparando-se ao setor de carnes. Em 2006, o setor de açúcar e álcool elevou os embarques em 60,7%, para R$ 6,92 bilhões. O saldo total da balança do agronegócio é projetado em R$ 39,316 bilhões neste ano, 11,3% acima do registrado em 2005, com exportações 13,4% maiores, de R$ 45,285 bilhões.
A CNA confirmou a projeção de PIB do agronegócio em R$ 534,77 bilhões neste ano, 0,53% menor que o registrado em 2005. No segmento agropecuário, a queda é estimada em 3,08%, para R$ 148,32 bilhões. Na agricultura, o PIB deve ter redução de 2,05%, para R$ 83,45 bilhões, e na pecuária, queda de 4,38%, para R$ 64,87 bilhões.